Mais de 220 quelônios foram salvos das mãos de traficantes de animais silvestres entre os meses de novembro e dezembro deste ano, na região do Baixo Rio Branco em Roraima. A ação conjunta de órgãos ambientais que fazem parte do Projeto ‘Quelônios da Amazônia’ se estenderá até fevereiro de 2018, quando encerra o período de desova.
Na primeira operação para coibir crimes ambientais na região, fiscais da Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) apreenderam 140 quelônios.
A outra ação apreendeu na quinta-feira, 14, 86 quelônios que seriam levados para comercialização no estado do Amazonas. As ações são realizadas por meio de inúmeras denúncias recebidas pelos órgãos ambientais. “Quase todos os dias recebemos denúncias, mas por conta da logística que enfrentamos e o fato de o rio estar baixo temos tido dificuldade de coibir a prática”, disse o chefe da fiscalização da Femarh, Yuri de Lima.
O projeto foi criado em 1979 pelo Governo Federal e se constituiu no monitoramento e manejo reprodutivo de populações para algumas espécies de quelônios amazônicos. Durante quatro meses do ano, os órgãos fiscalizadores fazem o monitoramento nas praias onde os quelônios desovam e acabam se tornando alvo fácil dos traficantes.
As ações ocorrem dentro dos tabuleiros, que são as praias onde os quelônios desovam no período, principal foco dos tartarugueiros da região. Conforme o chefe de fiscalização, o tráfico desses animais é altamente lucrativo. “Os criminosos carregam cerca de 200 tartarugas por embarcação e comercializam por R$ 1.500 a R$ 2.000 cada”, explicou.
Conforme Yuri de Lima, geralmente os traficantes fogem dos locais de captura ao perceberem a presença dos fiscais. As tartarugas resgatadas vivas passam por um descanso para então serem devolvidas ao rio.
DESOVA – De outubro a fevereiro, as tartarugas tracajás, da Amazônia, cabeçudas, irapucas e iaçás sobem para as praias ao longo do rio, pondo de 50 a 60 ovos cada, que, por sua vez, levam 60 dias para eclodirem. A desova geralmente ocorre durante a noite e os quelônios chegam bem debilitados, pois nadaram contra a correnteza.
CRIME – Vender animais silvestres é crime, de acordo com a lei federal 9.605, que prevê a detenção de seis meses a um ano, e multa. De acordo com a lei, além da venda, é crime exportar ou adquirir, guardar em cativeiro ou depósito, utilizar ou transportar ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
A multa aplicada nesses casos corresponde ao valor de R$ 5 mil por animal, por estarem no rol das espécies ameaçadas de extinção. “Esse ano não fizemos autuações, mas no ano passado autuamos alguns indivíduos que foram pegos com 160 tartarugas em um caminhão baú sendo levado para Manaus”, informou Lima. (L.G.C)