O analista judiciário Rafael Fernandez Rodrigues, de 31 anos, chegou a Manaus na noite de sábado (16) após um pouco mais de oito horas de viagem. Durante o trajeto de Boa Vista à capital amazonense, o principal suspeito pelo assassinato da modelo Kimberly Karen Mota, de 22 anos, confessou o crime à equipe da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) e deu detalhes sobre o que aconteceu na madrugada do último dia 11.
Ao contrário do que apontou a linha inicial de investigação da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) da PC-AM, Rafael não matou Kimberly por conta do fim do relacionamento, mas sim por ciúmes.
O delegado titular da DEHS, Paulo Martins, disse que o analista aproveitou um momento em que a Miss Manicoré foi até o banheiro e pegou o celular dela que estava na cabeceira da cama. Era por volta de 0h30 quando ele – depois de ler algumas mensagens – foi até a cozinha e guardou uma faca na roupa. Assim que a jovem deitou na cama, Rafael desferiu a primeira facada, no pescoço dela. Kimberly não teve chances de se defender e logo desmaiou. Ela recebeu outro golpe no pescoço e um no abdômen.
Ao ver que a namorada estava morta, segundo Martins, Rafael pensou em esconder o corpo e chegou a arrasta-la até o banheiro e a lavou, o que explica a grande quantidade de sangue espalhada pelo quarto. Ao ver que não teria como tirá-la do apartamento, ele a deixou no chão coberta por lençóis e saiu por volta de 1h30. Kimberly seria encontrada quase 24h depois, na madrugada da terça-feira (12).
“Ele disse que estava arrependido. Que foi um momento de raiva, agiu sem pensar. Mas agora o fato é que ele vai responder pelo que fez”, comentou Martins.
Na fuga para Roraima, Rafael compartilhou que estava atordoado e chegou a errar o caminho. Na barreira de Manaus, ele foi em direção a Itacoatiara pela AM-010. Assim que percebeu, após vários quilômetros rodados, retornou e entrou na BR-174 em direção à Boa Vista. Neste percurso, ele jogou o celular de Kimberly em uma área de mata. O titular da DEHS afirmou que as equipes pretendem procurar o aparelho, apesar do analista dizer que não se lembra exatamente onde jogou porque estava escuro.
Pai de Rafael chegou a aconselhar que ele se entregasse
Assim que Kimberly foi morta, o pai foi a primeira pessoa para quem Rafael ligou para pedir ajuda e confessar o crime. Nilton Rodrigues chegou a aconselhar que o filho se entregasse a polícia, compartilhou o delegado. Nilton foi encontrado morto no trilhos do metrô Barra Funda em São Paulo (SP) após cometer suicídio na noite de quinta-feira (14).
“Ele [Rafael] tem conhecimento que o pai cometeu suicídio e está muito triste com relação a isso. Está se culpando, inclusive. Mas essas circunstancias não entramos em detalhes, até porque nosso foco é o assassinato”, complementou Paulo Martins.
Rafael tinha planos de se esconder na Venezuela porque país está “uma bagunça”
Em depoimento, Rafael esclareceu que seus planos de fuga não incluiam seguir viagem até a Espanha, país onde ele teria parentes. Segundo o delegado Martins, o analista judiciário disse que queria apenas se esconder na Venezuela, porque o país estaria “uma bagunca” e seria mais fácil.
Por duas vezes, ele tentou entrar no país pela fronteira em Pacaraima, mas foi impedido. Na segunda, venezuelanos o ameaçaram de morte e Rafael precisou pagar um pouco mais de mil reais para não ser morto.
Ele pagou para ser acobertado por outros dois imigrantes, de 17 e 24 anos – que foram detidos mas liberados – em uma invasão no Morro do Quiabo, onde ficou escondido em uma cabana de bambus até sua prisão na sexta-feira (15) pelas forças de segurança de Roraima.
Como possui mandado de prisão temporário expedido pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM), Rafael foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) em Manaus e não passou por audiência de custódia.
ERRAMOS: Ao contrário do que foi noticiado no texto original, Rafael não passou por audiência de custódia. Matéria atualizada às 14h23 de 18/05.
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