Embora a BR-319 ligue Manaus (Amazonas) a Porto Velho (Rondônia), e não chegue até Roraima, o recapeamento asfáltico dessa via é visto como positivo para o Estado. Pelo menos, essa é a perspectiva do secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Marcos Jorge de Lima, que esteve na reunião na Superintendência da Zona Franca em Manaus, que contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) que prometeu recuperar a rodovia, mesmo sem apresentar detalhes de um projeto e prazos para início e conclusão da obra.
A BR-319 foi inaugurada em 1976 e há décadas se encontra abandonada, com alguns trechos tomados pela floresta, além de crateras que se formaram nesse período chuvoso, tornando inviável a trafegabilidade por falta de estrutura, de condições de uso. “Mais do que o compromisso de fazer o recapeamento, foi colocado pelos governadores a necessidade de se fazer um trabalho de engenharia que permita que essa rodovia federal não tenha a sua pavimentação deteriorada por conta do tipo de material que tem no solo, pois boa parte desta rodovia, durante as chuvas, praticamente se liquefaz, fazendo com que o asfalto se deteriore a ponto de se abrir enormes crateras”, disse o secretário.
Para ele, a rodovia será importante para Roraima porque poderemos comprar insumos do restante do país mais baratos, além de facilitar o escoamento da produção. “Porque fornecemos para o Amazonas e, ao abrir a 319, outros fornecedores poderão entrar no mercado amazonense com mais competitividade, reduzindo valores de insumos agrícolas para os nossos produtores. Nós também poderemos estar caminhando para nos tornarmos mais competitivos e mais produtivos. De outro lado, o consumidor terá acesso a produtos mais baratos, pois se a BR estiver em boas condições de trafegabilidade baixará o custo de logística, do caminhoneiro e, por conseguinte, vai baixar o custo de chegada de produtos até Roraima”, ressaltou Lima.
Segundo o secretário, a tendência é essa. Ele disse que acredita que os produtores de Roraima estarão fazendo essa discussão de como se consorciarem e de trabalharem cada vez mais unidos para enfrentar o desafio da competitividade. Sobre os setores que devem crescer com o asfaltamento da BR-319, Lima afirmou que o principal potencial para crescimento hoje é o agronegócio. “Nós temos uma parcela considerável de serviços na composição do nosso Produto Interno Bruto [PIB]. Então, além de serviços, o comércio com certeza também vai ganhar com essa abertura. Mas estimamos, pelo potencial de crescimento que tem o agronegócio, que esse segmento vai conseguir continuar crescendo”, comentou.
Empresários se reúnem para discutir abertura comercial com a Guiana
Os empresários interessados em investir na Guiana devem se reunir novamente para debater as possibilidades de acordos comerciais de Roraima e novas negociações com o país vizinho, que vai iniciar em janeiro de 2020 a exploração de petróleo.
O novo encontro está confirmado para os próximos dias 08 e 09 de agosto e um dos itens da pauta será o acordo sobre o transporte de cargas e passageiros.
O empresário Remídio Monai disse que o objetivo é fomentar o comércio. “Estamos nos preparando para lidar com situações como seguro e fiscalização aduaneira nos dois países, para que a gente possa enfim colocar o transporte de passageiros entre os dois países em prática”.
Monai disse ainda que o acordo significa que as empresas de Roraima poderão sair com seus caminhões e ônibus diretamente de Roraima pra Georgetown e trabalhar com importação e exportação sem embaraços na aduana entre os dois países.
O otimismo também está relacionado à exploração de petróleo por parte da Guiana, que começa em janeiro de 2020. “Deve ter um crescimento do país muito grande e a Guiana está inscrevendo empresas interessadas na terceirização e as empresas de Roraima devem ficar atentas, pois o país vizinho está carente de mão de obra qualificada”. O secretário estadual de Planejamento e Desenvolvimento (Seplan), Marcos Jorge de Lima, afirmou que, além da recuperação da BR-319, o principal ponto de discussão para Roraima durante a reunião da Suframa foi a elaboração do projeto de engenharia da estrada entre a fronteira do Brasil (município Bonfim – Roraima) com Georgetown, capital da Guiana. “Com a nossa saída para o Caribe via Guiana vamos ter um ganho logístico enorme para Roraima, muito maior do que a própria pavimentação da BR 319”, afirmou.
Conforme ele, essa questão foi colocada no encontro pelo governador Antonio Denarium (PSL) ao presidente Bolsonaro, para que possa dar continuidade, porque a parte que compete ao Brasil é a elaboração do projeto de engenharia e a Guiana será responsável pela captação de recursos. “A elaboração desse projeto ainda não iniciou e fizemos cobrança ao Governo Federal para que inicie e entregue conforme convencionado em acordo bilateral. Não tenho como precisar o valor desse projeto, mas imagino que não seja algo muito caro”, disse Lima.
“A Guiana é um dos países do mundo que mais crescerá nos próximos cinco anos por conta da exploração de petróleo a partir de 2020. Temos que estar com nosso olhar focado para esse ganho logístico onde temos portos tanto em Georgetown como em New Amsterdam, esse último com capacidade de 45 mil toneladas”, comentou o secretário.
Atualmente a Guiana possui 782 mil habitantes, sendo que 335 mil moram na capital Georgetown, uma cidade que deverá passar por grandes transformações por conta da descoberta de petróleo em seu solo.
Segundo o governo guianense, o faturamento com a produção de petróleo deve chegar a US$ 20 bilhões (R$ 75 bilhões) por ano.
Para 2020, a expectativa de crescimento será de 29,8%. Para 2025, é esperado que o país tenha uma produção de 750 barris por dia, segundo uma estimativa da Exxon Mobil, empresa multinacional norte-americana de petróleo e gás, responsável pela exploração de petróleo.