Polícia

Suspeito de matar agente de endemias é preso no Apiaú

Na tarde de quarta-feira, 23, agentes da Polícia Civil prenderam preventivamente Wellington Oliveira da Silva, 20 anos, vulgo “Vaqueirinho”, acusado do crime de homicídio praticado contra o agente de endemias, Marcos Xavier Cardoso, no início do mês de outubro deste ano. O pedido da prisão preventiva foi feito pelo delegado Alexsander Lopes da Silva, titular da Delegacia de Mucajaí. Wellington já havia confessado o crime e foi preso na casa dele.

O agente de endemias desapareceu no dia 1º de outubro quando saiu para pescar com Wellington, que retornou sozinho do rio Apiaú. Buscas foram iniciadas no mesmo dia por indígenas, mas nada foi encontrado. Por volta das 10 horas do dia seguinte, os indígenas localizaram o corpo de Marcos, o qual aparentava ter sido agredido com perfurações de arma branca.

De acordo com a Polícia Civil, Wellington chegou a ser detido, no entanto, em virtude do período eleitoral, o conduzido foi liberado, visto que, apesar da vítima ter sido encontrada sem vida e com indícios de ter sido assassinada, não se podia naquele momento atribuir a culpa ao suspeito, sem que tivesse sido realizada oitiva de testemunhas. O indivíduo negava a autoria do homicídio a todo o momento.

No dia 03, o suspeito apresentou-se à delegacia e relatou ao delegado que tinha sido o autor do homicídio. Consta em seu interrogatório, que no dia do crime, por volta das 08h20, a vítima teria ido até a fazenda, local de trabalho do acusado, e o convidado para uma pescaria em outra fazenda.

O preso ainda relatou que, por volta das 12 horas, pararam a pescaria, guardaram os peixes e, quando retornavam para o local onde tinham deixado a canoa, foi surpreendido com a aproximação da vítima, a qual teria começado a passar a mão em seu corpo. Ele disse que tentou evitar, saindo de perto, porém Marcos insistiu e o pegou à força, ocasião em que empurrou a vítima e correu para pegar um pedaço de madeira para se defender.

Segundo ele, nesse momento acertou um golpe na cabeça do agente de endemias, que caiu ao chão. Narrou também que retornou à fazenda e foi até a reserva indígena e perguntou se o agente de endemias havia chegado. Depois, retornou ao local onde tinham deixado a canoa e a arrastou até a reserva indígena, afirmando que não tinha visto ninguém.

Indígenas relataram que “Vaqueirinho” teria cavado uma cova para dar sumiço ao corpo e que, na verdade, o convite da pescaria foi feito pelo acusado e que, ao retornar, disse que teria se perdido de Marcos pelo fato de que seguiram trilhas diferentes.

FAMÍLIA – Uma enteada da vítima afirmou que muitas pessoas comentavam que “Vaqueirinho” não gostava de índio e que ele fechava a porteira da fazenda, dificultando a passagem dos servidores da Funai e que, certa vez, a vítima chegou a discutir com “Vaqueirinho”, pois teve que carregar as bagagens, alimentação e equipamentos porque foi impedido de entrar pela fazenda.

O laudo do exame cadavérico concluiu que Marcos Xavier teve como causa morte asfixia mecânica. A prisão preventiva foi pedida para impedir que o acusado continue a cometer crimes ou que mate outras pessoas, principalmente as testemunhas indígenas, visto que, segundo a polícia, encontram-se em situação vulnerável. Além disso, seria uma forma de impossibilitar a fuga para outro Estado ou para qualquer lugar de difícil acesso. (J.B)