Em entrevista a FolhaWeb no final da tarde deste domingo, 13, o guarda municipal alvo de atentado a tiros no posto de policiamento da Praça Mané Garrincha, no bairro Tancredo Neves, zona Oeste, disse que temeu pela própria durante o ocorrido desta madrugada.
Ele e outra colega de guarnição foram surpreendidos por dois indivíduos ainda não identificados, que deflagram tiros contra a guarnição da corporação. No momento do atentado, o guarda afirmou que a praça ainda estava com visitantes, que se assustaram com a audácia dos criminosos.
“A minha colega foi resolver um assunto no alojamento e eu permaneci fazendo o trabalho que compete a Guarda. No momento do atentado, tinha crianças e foi tudo muito rápido. Foi uma ação orquestrada, aonde um veio pela direita e o outro pela esquerda”, relatou.
À FolhaWeb, o guarda municipal contou que presta serviços para a corporação há quase sete anos e estava cumprindo escala de serviços na Praça há pelo menos oito meses. Apesar da experiência, ele disse que nunca havia passado por uma situação como a que ocorreu nessa madrugada.
“Quando vi um dos indivíduos se aproximando com a arma, eu me lancei para o lado esquerdo com o objetivo de correr, só que quando fiz isso, o outro rapaz já estava logo atrás. Foi ai tive que me jogar para trás de alguns objetos, para tentar me resguardar”, relatou.
“Com o impacto do tiro, alguns estilhaços do vidro chegaram a cair em mim e até pensei que tinha sido alvejado, temi por minha vida, pois sou casado e tenho quatro filhos. Quando vi que não havia sido ferido, gritei para que a minha colega de guarnição não saísse de onde estava, para que não fosse atingida por um tiro”, acrescentou.
Segundo o presidente do Sindicato dos Guardas Municipais de Roraima (Segmu-RR), Jullyerre Lima, essa não é a primeira vez que a Guarda é alvo de atentados praticados por criminosos.
Há cerca de dois anos atrás, uma viatura da guarda foi alvo de atiradores, assim como a sede da corporação, que fica localizada no Distrito Industrial, no ano passado.
“É de conhecimento da população que a Praça Mané Garrincha é um local onde ocorre a venda de entorpecentes. Então, a gente acredita que a questão do atentado contra a vida do nosso companheiro é um reflexo da postura da Guarda Municipal naquela localidade, justamente por inibir a prática de ações delituosas, e uma forma deles nos afrontar é atentando contra a vida dos nossos agentes, por saberem que não utilizamos armas”, pontuou Lima.
Vale lembrar que desde 11 de agosto do ano passado, está em vigor a lei que permite aos guardas utilizarem a arma de fogo. No entanto, a Guarda Municipal ainda aguarda uma sinalização por parte da Polícia Federal (PF) no Estado.
“Infelizmente, enquanto não houver a efetivação desse convênio, fica impossível para a Guarda Municipal prestar um serviço mais efetivo no combate à criminalidade”, acrescentou o sindicalista.
O OUTRO LADO
À FolhaWeb, a Prefeitura de Boa Vista informou que a Guarda Civil Municipal está no aguardo da autorização completa para uso de armas de fogo.
“Todas as etapas de competência da GCM já foram concluídas, o que inclui avaliação psicológica e exames de tiro. Inclusive, já foram emitidos pareceres favoráveis à cessão do porte de armas a membros da corporação, sendo autorizado o uso da espingarda calibre 12, faltando apenas à autorização para uso da pistola calibre 380. O Executivo Municipal está aguardando a chancela da Superintendência da PF, que está fazendo as últimas análises”, informou.
Quanto ao atentado ocorrido na Praça Mané Garrincha, a Prefeitura acredita ser um fato isolado, porém muito preocupante. “A Guarda Civil Municipal vai tomar todas as providências necessárias, o que inclui deixar uma viatura de prontidão na localidade”, finalizou.