Polícia

Travesti venezuelana é espancada aos gritos

Uma travesti venezuelana de 20 anos foi brutalmente espancada na avenida Ataide Teive, além de sofrer alguns golpes de facão quando fazia ponto no local.

Os acusados do espancamento filmaram tudo e divulgaram em redes sociais a situação do jovem que ficou com hematomas e lavado de sangue. Os golpes acertaram a cabeça, pernas, braços e costas da suspeita.

Os espancadores afirmaram que o jovem era suspeito de praticar furtos nos semáforos ameaçando os motoqueiros com produtos químicos. Um dos envolvidos disse que pediu auxílio dos seguranças que fazem ronda noturna nos bairros com as motos, a fim de acompanhá-lo.

“Vimos o homem batendo nele e ainda tentamos evitar que o pior ocorresse. Tanto eu quanto os seguranças da ronda noturna pedimos para ele parar. Eu liguei para a Polícia e fiquei aguardando porque não tinha nada a esconder. Mas quero dizer que é complicado passar de madrugada naquela região. Se você tiver sozinho, travestis se unem para tomar seus pertences e não há muito o que fazer. O travesti alega que eu tinha marcado de sair com ele e precisava pagá-lo e usou a mesma desculpa para as demais vítimas. Então quer dizer que todo mundo que ele roubou não queria pagar?”, acrescentou. 

A Associação de Travestis e Transexuais de Roraima (Aterr) publicou nota de repúdio e exigiu apuração sobre o espancamento registrado em fotos e vídeos.

“As imagens citadas mostram uma travesti sendo violentamente agredida, sob os gritos de ‘Aqui é Brasil’, o que pode ser considerado como mais uma manifestação de ódio Trans e Xenofóbico. Reafirmamos que no Brasil a população Trans vive atingida cotidianamente pela violência que se manifesta na falta de oportunidades, no preconceito e na conivência criminosa do Estado, que muitas vezes se nega a punir os responsáveis por crimes que atentam contra a vida dessas pessoas, como o que se vê nas imagens”, frisou. “Esperamos que haja investigação para apurar e punir os responsáveis pela agressão e nos colocamos à disposição da vítima para promover seu acolhimento”, cobrou a associação.

A associação questiona a clássica alegação de que as travestis ‘se jogam em frente a veículos’ para assaltar homens que passam pela área de prostituição no meio da madrugada. “Essa versão muitas vezes continua sendo repetida para acusar as travestis de tentativa de roubo ou assalto, fazendo cortina de fumaça para os crimes de agressão que as vitimam. É o que fazem os textos que acompanham as lamentáveis imagens do espancamento ocorrido nessa madrugada”, concluiu a nota. (J.B)