Polícia

Vigilante denuncia abuso de autoridade de policiais militares

O vigilante Elivan Jones, de 38 anos, relatou à Folha ter sido agredido e sofrido abuso de autoridade na noite do dia 2 deste mês. Conforme a vítima, policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) o espancaram a socos e pontapés. A vítima disse que tudo aconteceu por causa de um acidente em que ele se envolveu quando estava seguindo por uma rua no bairro São Vicente ao retornar para casa.

Um homem em uma motocicleta surgiu em alta velocidade e fechou sua frente, fazendo com que o vigilante colidisse contra ele. “Foi muito rápido e ele surgiu do nada, não dando tempo de eu frear. Eu caí, mas rapidamente me levantei, mesmo todo ensanguentado por causa da colisão e segui para casa, pois como ainda não possuo habilitação e tinha consumido bebida alcoólica, fiquei com receio de ser preso”, pontuou.

Ainda conforme o vigilante, ao chegar em casa, ele pediu ao filho de 15 anos que fosse buscar a moto no local do acidente. “Chegando lá, o condutor da outra moto e policiais de Bope estavam lá. Um dos policiais perguntou ao meu filho o que havia acontecido e ele respondeu que tinha sido um acidente, mas o militar não gostou do modo que ele respondeu e deu um tapa em seu rosto. Eu fiquei sabendo disso por um rapaz que testemunhou o momento da agressão”, disse Jones.

O vigilante assegurou que tanto ele quanto o outro motociclista haviam ingerido bebida alcoólica. “Dava para perceber que ele estava com sinais visíveis de embriaguez e inventou a história de um assalto para não ser incriminado”, ressaltou.

A vítima ainda relatou que o envolvido no acidente e os policiais foram até a casa dele e entraram já agredindo o vigilante. “Eu me escondi na casa do cachorro, pois como eu não tenho habilitação e tinha bebido, fiquei com medo de me levarem por conta disso, mas não imaginei que eles já fossem me abordar de modo tão violento sem antes perguntar o que aconteceu. Tomei tanto soco e chute que houve um momento que desmaiei e acordei ainda apanhando, mesmo já tendo sido algemado, ainda quebraram minha mão direita, que já possuía deficiência”, destacou.

De acordo com o vigilante, os policiais só pararam de agredi-lo quando a esposa disse que ele era sobrinho de um coronel da PM. Ainda conforme a vítima, o condutor da outra motocicleta tem parentesco com um dos policiais que participou das agressões a ele. “O cara disse que eu havia tentado assaltar ele e que ainda por cima ainda dei um golpe de terçado, sendo que nem com isso eu ando. O corte na perna dele, que ele afirmou ter sido causado por mim com terçado, foi causado pelo impacto do acidente”, lembrou.

A vítima se dirigiu à Central de Flagrantes no 5º Distrito de Polícia (5º DP) com as duas testemunhas que presenciaram o acidente e a ação policial após receber atendimento médico no Pronto Socorro Francisco Elesbão.

Conforme Elivan Jones, no DP, o motociclista e os policiais que participaram da ocorrência tentaram acusá-lo de algum modo para que ele saísse como culpado na situação, mas o delegado plantonista percebeu as contradições nos depoimentos e averiguou os antecedentes criminais da vítima liberando tanto ele quanto o outro envolvido no acidente.

Conforme o vigilante, ele e a esposa foram à Corregedoria da Polícia Militar no dia 4, onde registraram o termo de declaração em que relatam o suposto abuso de autoridade dos policiais que atenderam à ocorrência. “Eu sei que eu estava errado, mas eles foram mais errados ainda em conduzir a ocorrência do modo que fizeram. Meu filho de 15 anos disse que tinha pretensão de seguir a carreira de policial militar, mas diante do que presenciou e sofreu, não cogita mais a possibilidade”, frisou.

POLÍCIA MILITAR – Por meio de nota, o Comando Geral da Polícia Militar de Roraima (PMRR) informou que está abrindo “procedimento apuratório referente a esta denúncia, em que serão ouvidos todos os envolvidos e encaminhados para o Ministério Público e para a Justiça para os tramites legais e decisões”.

A nota ainda destacou que, “sempre que pairam dúvidas ou aconteça qualquer denúncia de desvio, de imediato apura-se utilizando os mecanismos legais previstos, com a mesma imparcialidade, sem corporativismo, tendo como objetivo final a aplicação da justiça” esclareceu o coronel Dagoberto Gonçalves, comandante geral da PMRR. (T.C)