Os deputados estaduais aprovaram por maioria esmagadora quatro modificações solicitadas pelo Poder Executivo na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Com 22 votos favoráveis e apenas um contrário, as mudanças passaram por longos debates na Comissão de Orçamento e foram aprovadas de forma rápida no plenário da Casa.
A primeira mudança é que a estimativa de receita poderá ser revista em razão de alteração na situação orçamentária financeira de Roraima, conforme explicou a deputada estadual Aurelina Medeiros (PODE), que relatou a mudança.
“Só mudou isso, que poderá ter alterações em função da situação econômica do Estado e que as receitas e despesas serão orçadas tendo como referência o que foi aprovado na LDO”, disse.
A segunda modificação suprimiu o artigo que trata da possibilidade de restituição de recursos dos Poderes em caso de superávit financeiro após o término do exercício. Segundo o governo, o tema já é tratado por lei estadual e tem regulamentação própria, não sendo necessária sua manutenção na LDO.
Outra mudança, desta vez atingindo os servidores públicos, foi em relação ao artigo 52 da LDO que passa a vigorar com a seguinte redação: “As concessões de vantagens, progressões, promoções têm que estar em conformidade com a Constituição Federal”.
Segundo o artigo 169 da Constituição Federal, “a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”. O referido artigo também afirma que “a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, só poderão ser feitas se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes e se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias”.
A última mudança também foi supressiva objetivando dar diretrizes que deveriam ser seguidas pelos parlamentares na aprovação da LDO.
“Mas é competência nossa legislar sobre essas questões e isso está previsto na Constituição”, concluiu a relatora Aurelina Medeiros no momento da leitura de seu relatório.
Parlamentares e governo falam sobre aprovação
O deputado Jorge Everton (MDB), único parlamentar a votar contra as modificações, disse que em seu entendimento era preciso discutir o que estava sendo votado.
“No momento que congela esse limite prudencial de pessoal, vai colocar em risco mais uma vez os servidores públicos de Roraima. É por isso que pedi mais cautela ao debater esse assunto. Os servidores públicos não podem ser eleitos como vilões da quebradeira. Esse Estado está quebrado por conta da corrupção e crime que ocorreram por vários anos”, afirmou.
O deputado Nilton do Sindpol (PATRI) também afirmou que as votações põem em risco a situação dos servidores do Estado.
“Quem está achando que terá concurso, revisão e progressão, está enganado. Serão quatro anos de recessão. Mas se acham que deve ser assim, que seja. No futuro, quando vierem reclamar, vamos ver os anais da casa”, afirmou em meio a gritos de servidores públicos que pediam aprovação imediata das mudanças.
De acordo com o deputado Soldado Sampaio (PCdoB), que atuou durante a sessão como líder do governo na Assembleia, orientando os parlamentares na votação, as mudanças serviriam de “retaguarda para que o governo conseguisse cumprir compromissos”.
“Demos as condições necessárias para o governo se ajustar com o gasto com pessoal. Isso possibilita cumprir o que está sendo implementado com os servidores públicos”, garantiu.
O secretário de Planejamento e Desenvolvimento, Marcos Jorge, que acompanhou a sessão, pontuou que o texto “possibilita que a LOA [Lei Orçamentária Anual] seja votada sem reajuste das despesas, contribuindo para o equilíbrio fiscal, o que vai gerar economia ao Estado”.
Para o chefe da Casa Civil, Disney Mesquita, ter quase a unanimidade de aprovação mostra avanço e alinhamento entre os Poderes.
“Este é um sinal que os Poderes estão unidos pelo desenvolvimento do Estado, além de ser importante para a população que terá problemas solucionados”, enfatizou.
“Essa aprovação foi positiva, pois demonstra mais claramente o alinhamento entre o Executivo e a Assembleia no sentido de resolver os problemas do Estado e cai por terra a especulação de que há algum problema entre os Poderes. Para nós, não foi uma vitória apenas do Executivo, mas de toda a população, fruto de uma articulação conjunta entre a Casa Civil, liderança governista e Assembleia”, avaliou.
O superintendente legislativo, Júnior Vieira, informou que as matérias devem seguir para a sanção governamental. “Como se trata de leis ordinárias, serão encaminhadas ao Poder Executivo.”
Assembleia altera PPA para incluir fundo de modernização na proposta orçamentária
O Plano Plurianual, aprovado para o período de 2016 a 2019, também foi alterado durante a sessão dessa quarta-feira, 3, na Assembleia Legislativa. A mudança no PPA serviu para atender a Lei 1.240/18, que cria o Fundo de Modernização, Manutenção e Desenvolvimento da Polícia Civil do Estado de Roraima (Fundespol), com o objetivo de levantar recursos para a modernização e reaparelhamento do setor da Segurança Pública. O relatório da deputada Catarina Guerra (SD) recebeu 22 votos favoráveis.
Assembleia mantém três e derruba dois vetos governamentais
A Assembleia Legislativa de Roraima manteve três e derrubou dois vetos do governo de Roraima que estavam trancando a pauta legislativa.
No caso do Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR), os deputados mantiveram o veto parcial ao Projeto de Lei 084/2018, que institui o Programa de Incentivo à Aposentadoria Voluntária (PIA). Nas razões do veto, o Executivo alegou que os benefícios descritos no artigo 6º, incisos I e II, que garante auxílio-alimentação e 100% de plano de saúde aos servidores que aderirem ao PIA, só devem ser estendidos aos servidores ativos.
Ainda em relação ao Tribunal de Contas, foi rejeitado o veto parcial do Executivo ao Projeto de Lei 085/2018, que cria o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) destinado aos servidores efetivos da Corte. A mensagem governamental vetava o artigo 9º, que diz que a indenização do PDV não estava sujeita à contribuição para o regime próprio de previdência do servidor público e do imposto sobre a renda. Conforme o Executivo, a isenção de tributo federal por meio de lei estadual constitui vício de inconstitucionalidade.
Os parlamentares derrubaram também o veto total ao Projeto de Lei nº 152/17, de autoria da deputada Aurelina Medeiros (PODE), na sessão plenária dessa quarta-feira. A matéria prevê que empresas prestadoras de serviço ao Poder Executivo, conveniadas ou beneficiadas por incentivos fiscais, contratem pessoas acima de 50 anos para compor o quadro de funcionários. Os deputados optaram por manter o veto ao projeto de lei para desafetação e doação de terras, que atenderia a programa habitacional para servidores do Estado, por, segundo o governo, não haver interesse público na proposição.
Por 18 votos a 4, os deputados também mantiveram o veto parcial ao projeto de lei que institui o Dia do Agricultor Familiar e a Semana Estadual da Agricultura Familiar, a serem celebrados anualmente no dia 24 de julho.