Política

ALE reprova indicada do Iteraima e adia votação de outros três gestores

Nome de Flauenne Santiago foi rejeitado por 13 votos a 11 e gestores do IPER, Femarh e IACTI deverão ser apreciados na terça-feira

A base do Governo do Estado na Assembleia Legislativa sofreu sua primeira derrota na Casa. O nome da advogada Flauenne Silva Santiago foi reprovado por 13 votos a 11 para o cargo de diretora-presidente do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima). A votação secreta foi realizada na sessão ordinária na manhã de ontem.
Porém, antes da votação, os deputados debateram em plenário se votariam ou não as indicações dos gestores da Administração Indireta. O presidente da Casa, deputado Jalser Renier (PSDC), explicou que quatro nomes de gestores estavam na pauta da ordem do dia.
Além do decreto que analisava o nome de Flauenne Santiago, adiado na sessão da terça-feira retrasada, constavam na votação os nomes de Rogério Martins Campos, para a presidência da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Fermarh); de Ronaldo Marcílio Santos, para o Instituto de Previdência de Roraima (Iperr); e de Lurenes Cruz do Nascimento, para a presidência do Instituto de Amparo à Ciência, Tecnologia e Inovação (Iact), adiados na sessão de quinta-feira passada.
Líder do G3, o deputado Soldado Sampaio (PC do B) pediu, antes do início da votação, que os deputados votassem pela capacidade técnica dos gestores e não por questões políticas. “Só vi elogios por parte dos deputados durante as sabatinas. Se os gestores atendem aos requisitos, não vejo por que o plenário se posicionar de maneira diferente. A não ser que queria dar um recado à governadora Suely”, afirmou.
O deputado Mecias de Jesus (PRB), líder do G6, pediu que a votação fosse adiada até que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida pela constitucionalidade ou não de a Assembleia Legislativa de Roraima sabatinar os gestores da Administração Indireta do Governo do Estado. “Sugiro que aguardemos a decisão do STF, pois assim ficará claro quais os cargos que deverão ou não passar por sabatina”, disse.
Jalser Renier afirmou que os trabalhos precisavam avançar e que a decisão caberia ao plenário da Casa. Jânio Xingu (PSL) concordou com a postura do presidente e questionou: “Não podemos ficar à mercê do STF. O Estado vai parar aguardando uma decisão do Supremo?”.
Assim, a discussão e votação das indicações dos gestores da Femarh, Iperr e Iacti foram adiadas para a próxima terça-feira. O presidente colocou em votação se o nome de Flauenne Santiago deveria ser apreciado ainda ontem ou hoje. Por 14 votos a 9, a votação foi realizada ontem.
Após a votação, em que o nome de Flauenne foi rejeitado por maioria simples, o presidente da Casa afirmou que enviaria ofício de comunicação da rejeição da gestora do Iteraima ao Governo do Estado até hoje e que a chefe do Executivo tem o prazo de 30 dias para encaminhar nova indicação para sabatina dos deputados estaduais. “A votação foi democrática, pois a senhora Flauenne não obteve os votos suficientes para continuar à frente da pasta”, afirmou Jalser Renier.
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado afirmou que estranhou o resultado da votação “porque a própria Assembleia Legislativa analisou e aprovou, por unanimidade, a capacidade técnica da advogada Flauenne Santiago para exercer a presidência do Iteraima”, durante sabatina realizada no dia 10 deste mês, pela Comissão Especial Externa, composta pelos deputados Marcelo Cabral (PMDB), Dhiêgo Coelho (PSL), Aurelina Medeiros (PSDB), Soldado Sampaio e Valdenir Ferreira (PV). O Executivo afirmou que aguarda o comunicado oficial do Legislativo para adotar as providências cabíveis. (V.V)

Rejeição de Flauenne reflete voz das ruas, diz líder do G14

“Ouvimos as vozes das ruas”. Esta foi a justificativa dada pelo líder do G14, deputado George Melo (PSDC), para a rejeição do nome de Flauenne Santiago para a presidência do Instituto de Terras e Colonização de Roraima (Iteraima), referindo-se a ocupantes de área na região do Bom Intento, zona rural de Boa Vista, que pediam a rejeição do nome dela em cartazes e faixas durante a sessão ordinária de ontem.
Para George Melo, a análise foi técnica. “Estamos trabalhando para que os nomes sejam bem avaliados e o plenário mostrou um descontentamento muito grande com o nome dela, por isso alguns parlamentares devem ter votado pela rejeição. O voto ouvindo o que o povo pediu também é um voto político”, frisou.
Reafirmando que lidera um bloco independente, e não de oposição, o deputado do PSDC afirmou que dentro do bloco o entendimento foi pela retirada de Flauenne do cargo. “Não somos oposição, somos independentes. Podemos votar a favor do governo se entendermos que aquele projeto é para o bem do Estado”, disse.
Líder de um grupo composto por 14 deputados, George Melo reconheceu que nem todos os seus liderados votaram como ele sugeriu. “Isso é normal em começo de mandato. Os deputados novos erram na hora da votação. Vamos abraçar esses colegas, mostrar como acontece a dinâmica de votação. Vamos ver no decorrer das demais votações se essas falhas continuarão a acontecer”, comentou.
Questionado se a rejeição de Flauenne era um recado à governadora Suely Campos, como sugeriu o deputado Soldado Sampaio, George Melo disse que não se tratava de um recado. “Se fosse por isso, o Sampaio tinha mandado recado quatro anos para o [ex-governador] Anchieta Júnior”, argumentou.
Quanto aos próximos nomes a serem avaliados pelo plenário da ALE, o líder do G14 afirmou que ainda não sabe a decisão do bloco. “Vamos nos reunir e a maioria vai decidir se rejeitaremos ou não. A cada votação há uma reunião para discutir o posicionamento do bloco e a opinião da maioria vence”.
GOVERNISTA – O líder da base do Governo da Assembleia, deputado Brito Bezerra (PP), viu como democrática a votação. “A política é dinâmica. A questão de perder por votos é democrática, é perfeitamente tolerável por nós que fazemos política. A partir de agora, vamos intensificar a conversa com os deputados independentes para que possamos chegar a um entendimento e aprovar os nomes dos próximos gestores a serem analisados”, disse.
Bezerra acredita que vai conseguir convencer mais deputados a votaram a favor dos sabatinados. “Por isso que pedimos o adiamento de discussão, para que possamos conversar com eles [demais deputados], esclarecer a necessidade que temos de permanecer com esses técnicos nessas pastas fazendo o trabalho que o governo está se propondo a fazer”, afirmou.
Segundo ele, resta saber se os servidores da Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Fermarh), que pediam a aprovação do diretor-presidente Rogério Campos com faixas de apoio, serão ouvidos. (V.V)