Política

Anchieta contesta dados sobre a Cerr e diz que aplicou recursos

Ex-governador Anchieta afirma que recursos destinados a sanear dívidas da Cerr foram aplicados em sua administração

O ex-governador José de Anchieta Júnior (PSDB) contestou as informações apresentadas pelo diretor-presidente da Companhia Energética de Roraima (Cerr), Antônio Carramilo, sobre a atual situação da companhia. Para o ex-governador, os argumentos apresentados, conforme matéria publicada na quarta-feira, 20, são “levianos” e “irresponsáveis”. “Eu lamento as palavras do presidente porque acho que ele foi leviano, irresponsável e incompetente. Durante o meu governo, eu consegui esses recursos para preparar a empresa para a federalização e assim o fiz”, disse.

Segundo ele, o empréstimo feito pelo governo em 2012 tinha o objetivo de sanear as dívidas da Cerr e estruturá-la para ser absorvida pela Eletrobras. “Durante o nosso governo, nós recebemos em duas parcelas o equivalente a R$ 510 milhões. Esses recursos foram investidos sim e existem documentos que podem ser encontrados dentro da Cerr”, frisou, acrescentando que a primeira parcela do empréstimo foi repassada em dezembro de 2012, dinheiro destinado para pagamento de “dívidas acumuladas por 20 anos na empresa”.

Ele explicou que, para obter o dinheiro, foi elaborado por uma equipe do governo, em parceria com a Eletrobras, um plano de aplicação. “O objetivo era preparar a Cerr para ser federalizada anos à frente”, lembrou. “Deste total, nós pagamos só para a  Eletrobras o equivalente a R$ 67 milhões de dívidas acumuladas. Pagamos R$ 21 milhões de impostos atrasados. Destinamos cerca de R$ 30 milhões para financiamentos. A Petrobras ainda recebeu R$ 155 milhões. Ainda pagamos fornecedores diversos, algo aproximado a R$ 30 milhões. Além disso, cobrimos questões trabalhistas, fiscais e cíveis com R$ 19 milhões”, detalhou o ex-governador.

Com a segunda parcela, na ordem de R$ 160 milhões, Anchieta afirmou que foram iniciadas obras de estruturação. “Obras que estão aí. Algumas iniciadas e concluídas, outras que deixamos em andamento porque faltava receber os R$ 85 milhões para conclusão”, afirmou. “O linhão que liga Boa Vista a Rorainópolis, por exemplo, foram 300 km ao longo da BR-174. Quem passa ali vê as grandes torres construídas. Só essa obra custou aproximadamente R$ 60 milhões”, frisou.

Anchieta destacou as obras nos municípios de Mucajaí, Caracaraí e Iracema, além da Vila Samaúma e outras. “Foram obras licitadas, contratadas e que todas as empresas receberam o equivalente ao que fizeram”, destacou. Para ele, a gestão da empresa fez acusações sem responsabilidade. “Se nada foi feito depois que saímos, e as obras estão paradas, isso não é mais nossa responsabilidade. Mas todas as obras que estavam no plano foram licitadas e as empresas receberam pelo que trabalharam”.

Seinf detalha obras e diz que não há serviços paralisados

Das obras iniciadas no Estado para atender às demandas da Cerr em virtude do empréstimo de R$ 604 milhões, a Secretaria de Infraestrutura de Roraima (Seinf) informou que consta nos arquivos da pasta a execução de obras de eletrificação no montante de R$ 177 milhões, através dos convênios 001/2012 (R$ 75 milhões) e 001/2013 (R$ 102 milhões).

Para a Folha, a Seinf afirmou que não existe nenhuma obra de eletrificação paralisada. “Algumas delas, inclusive, já foram inauguradas recentemente, como é o caso das subestações de Caracaraí e de Mucajaí, onde os antigos transformadores de 2,5 MVA [megawatts] foram substituídos por novos de 10 MVA, quadruplicando a potência instalada da energia para dar uma confiabilidade maior ao sistema e para atender às futuras demandas. No caso de Mucajaí, a rede vai beneficiar também os moradores da Vila Apiaú, onde está sendo construída uma subestação, e o município de Iracema, onde também está sendo construída outra subestação”, explicou o secretário Flamarion Portela.

Segundo ele, também está sendo construída uma subestação no Município de Rorainópolis que, embora não esteja num ritmo desejável, não está paralisada. Ainda no Sul do Estado, na BR-210, está sendo revitalizada a linha que liga Novo Paraíso até o Município de São João da Baliza, onde está sendo construída uma subestação. Tem ainda a construção de uma rede que sai da usina de Jatapu e segue até a subestação do Baliza, que já está praticamente finalizada.

Nos municípios do Bonfim e Cantá, ainda conforme o secretário, está sendo feita a revitalização da rede que sai da subestação do Distrito Industrial, em Boa Vista, em circuito duplo de 69 mil volts, direto para o Bonfim, alimentando a rede já existente que foi revitalizada. E outra segue pela BR-432, no Município do Cantá, onde está sendo feita uma rede nova e também uma subestação para atender toda a região.

Portela disse que, no entroncamento do Bonfim, onde existe uma subestação, cujo projeto original era com um transformador de 15 MVA, este foi substituído por dois de 10 MVA, que vai alimentar a rede que está totalmente construída até a sede de Normandia, onde a subestação está sendo revitalizada.

Em Alto Alegre, o circuito sai da subestação do Distrito Industrial e segue pelo Anel Viário até Sucuba, onde a subestação está sendo revitalizada com a instalação de dois transformadores de 10 MVA, que vai atender, além da demanda da população, as solicitações dos produtores, já que Alto Alegre é o município que mais tem solicitação de carga de energia, por ser uma região de grande produção agrícola.

De acordo com Flamarion Portela, com exceção de algumas obras executadas pela empresa SME, cujo ritmo está lento, as demais estão dentro do cronograma previsto. Ele disse que, dos recursos conveniados com a Cerr, ainda restam cerca de R$ 41 milhões a serem pagos para as empresas executoras. “Em obras sempre existem problemas, mas eu quero deixar claro que já existem obras inauguradas, prestes a inaugurar, outras andando satisfatoriamente e algumas num ritmo não desejável, mas nenhuma delas paralisada”, destacou.

O secretário informou que, nesta quarta-feira, a empresa SME enviou uma solicitação à Seinf sugerindo uma paralisação das obras devido à chegada do inverno. “Nós iremos nos reunir tecnicamente, inclusive com a participação da Cerr, para tomar uma decisão”, adiantou. (JL)