Política

Anchieta reafirma que endividamento foi feito para criar infraestrutura

O ex-governador Anchieta Júnior criticou a forma como a atual gestão vem conduzindo os problemas econômicos do Estado

Ao participar do programa Agenda da Semana na Rádio Folha AM 1020, no domingo, 18, o ex-governador e presidente regional do PSDB, Anchieta Júnior, traçou um perfil de sua administração frente ao Executivo estadual, no qual passou seis anos e três meses. Ele aproveitou e relatou fatos do cenário político referente às Eleições Gerais de 2014.
Anchieta esclareceu aos ouvintes as informações veiculadas recentemente na imprensa de que a situação financeira do Estado, divulgada pela atual gestão, seria incontrolável e de total ingerência sobre as finanças estaduais. Ele contestou as informações, sintetizando que, com a quebra do pacto federativo, os estados e municípios passaram por um endividamento nos últimos 20 anos. “Assim, para se fazer um perfil desta dívida, é necessário ter clareza e precisão do que realmente é verdadeiro”, afirmou.
Ele relatou que há dez anos, quando o ex-governador Ottomar Pinto assumiu o governo, já existia uma grande dívida contraída entre 1995 e 2002, principalmente com relação ao INSS, no valor R$ 36 milhões, que foram parcelados. Segundo o ex-governador, este valor vem sendo pago anualmente e a atual governadora, Suely Campos (PP), também terá que dar seguimento a este parcelamento, já que o Governo do Estado não pode deixar de honrar este parcelamento. “Esta é apenas uma das obrigações pelas quais a atual gestão terá que dar continuidade, como fizemos quando fui governador”, esclareceu.
“Em relação às linhas de crédito, pegamos recursos no PEF 1, PEF 2 e no Pró-investe. Com estes três empréstimos, executamos o esgotamento sanitário em que 90% da Capital está saneada, 400 quilômetros de estradas e vicinais asfaltadas, interiorização da energia em 69 quilowatts para 11 municípios. Estas dívidas contraídas com as obras giram em torno de R$ 800 milhões”, detalhou.
O contexto econômico de Roraima, na avaliação de Anchieta, está atrelado ao contexto nacional, e não há como criar outra situação para exemplificar este declínio econômico que todo o País vem vivenciando desde 2011.
“Ao contrário do que comentam, fomos buscar alternativas para dotar Roraima de uma nova infraestrutura para a geração de renda. Não ficamos sentados esperando o repasse minguado do Fundo de Participação dos Estados (FPE), que a cada mês sofre um declínio a ponto de sequer ter condições de honrar o repasse para os outros poderes e pagar o funcionalismo público”, afirmou.
Ele disse ainda que buscou recursos para recuperar a BR-174, principal via de exportação de produtos de Roraima. “Fizemos com muita responsabilidade uma série de obras estruturantes ao longo dos seis anos de minha gestão como governador. A versão colocada atualmente de que nossa administração deixou este montante em dívida precisa ser colocada com clareza e não tomar este discurso como desculpa para não dar sequencia às ações governamentais”, ressaltou.
O ex-governador criticou a forma como a atual gestão vem conduzindo o planejamento dos recursos estaduais e repudiou a suspensão do pagamento do Crédito Social às famílias que dependem destes recursos. Na oportunidade, Anchieta lançou um desafio para que o atual governo publique a “suposta” lista com nomes de 10 mil pessoas que receberiam o benefício sem terem feito cadastro, fato revelado pela Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes). Ele disse que, durante a sua gestão, uma lista com o nome de todos os beneficiários do programa foi encaminhada ao Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR).
Ex-governador diz que foi traído por Teresa Surita
O ex-governador Anchieta Júnior também comentou a traição que teria sofrido por parte da prefeita Teresa Surita e do senador Romero Jucá, ambos do PMDB. “É ingratidão! Quando fizemos o convênio para asfaltamento das ruas de Boa Vista com a prefeitura, fui alertado por Shéridan que, no final de tudo, Teresa receberia todos os louros. E foi isso que aconteceu”, afirmou.
Para ocupar o lugar de Teresa Surita, Anchieta disse que existe a possibilidade de ele ou de a esposa, a deputada federal eleita Shéridan de Anchieta (PSDB), serem candidatos à Prefeitura de Boa Vista nas próximas eleições municipais, em 2016. “O PSDB indicará um nome para a disputa. Temos bons nomes capazes de concorrer e lograr êxito nesta disputa. Vamos avaliar, com responsabilidade, mas já adianto que pode ser o meu, ou da deputada federal eleita com votação expressiva, Shéridan de Anchieta. O certo é que o PSDB terá candidatura própria”, assegurou.
Sobre as eleições gerais de 2014, o ex-governador se disse surpreso com o tratamento dado à sua candidatura pelo grupo de 18 partidos, que tinha como candidato majoritário o governador Chico Rodrigues (PSB). “Deixei o governo com a promessa de ser o único candidato do grupo ao Senado e, no sábado, o nome de Luciano Castro já figurava como candidato do grupo, definido como uma alternativa democrática imposta pelo senador Romero Jucá”, disse.
Para Anchieta, faltou uma atitude coerente do ex-governador Chico Rodrigues em honrar o compromisso assumido. “Foi uma sucessão de erros que culminou com a não eleição dele [Chico Rodrigues] como governador e, consequentemente, isso refletiu em minha candidatura. Não havia consenso, uma vez que a todo momento as orientações repassadas pelo senador Romero Jucá prevaleciam e tumultuavam todo o processo, refletindo diretamente nas urnas”, observou.