Política

Ao anunciar que está com câncer, Neudo solicita prisão domiciliar

Na audiência de custódia, ex-governador se declarou inocente e disse que estava sendo perseguido pelo juiz federal Helder Girão Barreto

Os advogados do ex-governador Neudo Campos (PP) solicitaram à Justiça Federal que ele cumpra prisão domiciliar. Eles alegaram que Neudo está gravemente doente, com câncer de pele e sérios problemas de coluna, necessitando de fisioterapia, atendimento médico prioritário e medicação.

“Eu tive câncer de pele seguidas vezes nos braços, nariz, peito e ombro. No ano passado, fiz cirurgia para retirar. Agora estou com um ferimento no rosto e preciso fazer biopsia. Mas, pela experiência que tive, é quase certo que seja positivo, pois começa a ficar dolorido”, disse ontem em depoimento ao juiz federal Helder Girão Barreto, durante audiência de custódia.

Campos também afirmou que, por conta dos problemas de coluna, fez cirurgia no Hospital Sarah Kubitschek, em Brasília, e tem que fazer fisioterapia diariamente, além de ser medicado para os casos de dores extremas com morfina. “Tenho quatro filhos e doze netos, e quero estar perto da minha família. Está tudo nas mãos do juiz Helder Girão Barreto e ele que vai decidir para onde eu vou e onde vou ficar”, disse Neudo.

TRATAMENTO – Quando foi questionado pelo Ministério Publico a respeito do tratamento que estava recebendo, Neudo elogiou a forma como estava sendo tratado pela Polícia Federal e disse que tem recebido medicamentos e visitas médicas desde que se entregou à polícia. “Eles vêm me tratando com muito respeito. Não tenho nada a relatar sobre o tratamento que recebo”, disse.

No entanto, o ex-governador citou que, quando ainda estava no Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Polícia Militar, no momento da chegada da Polícia Federal, ao local, um agente da PF teria entrado na cela onde estava e tirado uma fotografia dele de pijama no momento em que acordava. “O advogado me informou que a fotografia está na mídia e não sei se isso é certo ou errado, mas não me senti confortável de ser exposto dessa forma ao acordar. Não quero prejudicar ninguém em respeito à maneira como tenho sido tratado pela Polícia Federal, pois apenas um agente não representa a instituição como um todo, mas gostaria que isso não se repetisse”, disse.

PERSEGUIÇÃO – Neudo Campos também relatou problemas com transtorno de ansiedade, segundo ele, provocado pelas perseguições políticas e jurídicas que sofre, e se declarou inocente de todas as acusações.

“Tenho fé em Deus e na Justiça de que a injustiça que estou sofrendo agora será trazida às claras. O juiz Girão Barreto me persegue de forma pessoal e implacável. Nos últimos três meses, tentou me prender quatro vezes e agora obteve sucesso. Falta isenção para ele me julgar, pois quando eu era governador, e ele juiz estadual, foi condenado pelo Tribunal de Justiça como suspeito para me julgar e agora, após virar juiz federal, acabou a suspeição?”.

Campos também reclamou que ninguém do grupo político do senador Romero Jucá (PMDB), que lidera o grupo de oposição ao Governo do Estado, esteja preso por participação no esquema conhecido como “gafanhotos”. “E por que sou preso? Por que tudo isso? Eu sou inocente de tudo que me acusam e desafio alguém a provar o que aumentou no meu patrimônio. Desafio inclusive a comparar meu patrimônio com o dele”.  
IMPRENSA – O juiz federal Girão Barreto autorizou a imprensa de Roraima a assistir a audiência pública de custódia com o ex-governador Neudo Ribeiro Campos, na sede da Justiça Federal em Roraima. Segundo ele, a presença dos repórteres era para que a imprensa registrasse corretamente os fatos, para que não fossem divulgadas situações que não aconteceram ou que não são corretas.

O juiz explicou que a audiência de custódia não era para debater os méritos dos três processos que Neudo responde e seguiu o rito especificado na resolução 215 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), se assegurando que ele não estava algemado, dando ciência sobre o direito de permanecer em silêncio, questionando se lhe foi dada ciência e efetiva oportunidade de exercício dos direitos constitucionais, além de indagar sobre as circunstâncias de sua prisão e sobre o tratamento recebido em todos os locais por onde passou antes da apresentação à audiência. O juiz não quis falar com a imprensa após a conclusão da audiência.