Em meio a uma dívida que ultrapassa os R$ 400 milhões, a gestão da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) deve adotar uma série de medidas a partir de janeiro de 2019 para tentar reduzir os custos e fazer recuperação fiscal, conforme explicou o diretor-presidente da instituição, James Serrador, em coletiva de imprensa concedida na manhã de ontem, 28.
Conforme o diretor, atualmente há uma série de fatores que resultaram no déficit milionário. Entre eles, o custo médio mensal da folha de pagamento de servidores, que chega a R$ 4.298.248,84, e também a prestação de horas extras, com total de R$ 3.737.681. A Caerr tem 689 funcionários, dos quais 245 são da própria instituição e 209 são comissionados, representando 30% do quadro total. O restante é formado por estagiários e servidores concedidos pelo Estado e União.
Uma ação trabalhista de reposição salarial de 2013 determinou o aumento no custo anual pago aos servidores, chegando ao total de R$ 37.278.232,41 durante este ano. Serrador afirmou que a estimativa para o pagamento desses trabalhadores pode chegar a R$ 42 milhões em 2019. “É impagável no atual cenário da empresa. Precisamos trabalhar nisso porque é um dado muito elevado e reduzir o custo da folha para que possamos pagar a nossos fornecedores”, disse.
O diretor enfatizou que todas as operações da Caerr de distribuição de água e tratamento de esgoto em todo o Estado chegam a R$ 96 milhões anualmente e que a arrecadação atual não cobre todas as despesas, devido a dívidas de consumidores e outros tipos de ações movidas contra a Companhia. Da Procuradoria-Geral da Fazenda, Eletrobras e a empresa Quiron, há um total de R$ 237 milhões de ações ajuizadas contra a empresa.
“Há uma falácia de que somos uma empresa rica, mas a situação hoje é completamente deficitária e temos um trabalho árduo para recuperação”, prosseguiu.
Consumidor residencial é o maior devedor da Caerr
O corte de gastos está entre as principais ações para sanar os problemas encontrados pela nova administração. A redução de servidores será uma delas, porém, o diretor-presidente destacou que será feita uma vistoria para saber quem deve ser demitido.
Foi constatado também um total de R$ 125,8 milhões de dívidas de consumidores da Companhia, do público estadual até o consumo industrial. O consumidor residencial representa R$ 75 milhões desse montante, com a falta de pagamento das contas de água ou de outros meios de continuar o abastecimento dos imóveis de forma ilegal.
“Ninguém do governo paga a conta de água. Para produzir água, hoje é caro. Vamos fazer a cobrança de todos os consumidores, independentemente de quem seja. No ano que vem, vamos lançar uma campanha para renegociação de débitos para todos porque, quem não renegociar, entraremos com ações de execução para cobrança”, justificou James Serrador.
Ele revelou ainda que será feita uma fiscalização, com a Polícia Civil, para denunciar consumidores que estão furtando ou retirando equipamentos que realizam o corte de água. As ações devem começar na quarta-feira, dia 2 de janeiro, com a notificação por meio de cartas, que já estão sendo enviadas, aos órgãos públicos.
Servidores passarão a ter dupla jornada de trabalho
“Estamos com estudos para rever a tarifa, mas o aumento não é uma opção no momento. Primeiro, temos que trabalhar nossas perdas, que são elevadíssimas”, garantiu o diretor-presidente da Caerr. Também haverá instalação de dez mil hidrômetros e 50 mil novas ligações de esgoto para aumentar a arrecadação.
James Serrador justificou o trabalho de funcionários da Companhia atualmente em escala de meio período, mas já em janeiro, de acordo com ele, deve ser determinada a dupla jornada de trabalho. “Hoje, a Caerr paga a todos colaboradores o horário integral. Então, não será grande modificação. Para reduzir os custos, precisamos trabalhar mais, porque produzimos um bem que precisa de trabalho. Se futuramente tivermos equilíbrio que permita voltar ao horário corrido, retornamos”, garantiu.
A implantação de dois horários de trabalho, conforme o diretor, visa reduzir os custos com as horas extras que têm valor exorbitante, segundo levantamento feito pela equipe. Serrador disse que tais medidas devem ser implantadas em breve, mas destaca que serão feitas reuniões com os funcionários para não ter prejuízos. (A.P.L)