Leo Daubermann
O empresário do agronegócio, Ermilo Paludo, disse, em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, nesse domingo, 18, que o cenário para 2019, com o aumento do dólar, não é nada animador para a safra de soja no estado de Roraima, já que a moeda americana encarece a compra de insumos, tornando o mercado incerto.
“A soja é uma commodities e tem algumas vertentes, por exemplo, no ano passado comprei os meus insumos a US$ 3,08 e nesse ano está US$ 3,70, então houve um aumento de mais de 30% no dólar e o produto (soja) não aumentou de um ano para cá. Então, a condição de plantio desse próximo ano, se analisarmos o mercado internacional, não é favorável”, explicou.
Para o empresário, o aumento da produção vai ocorrer, mas em um ritmo mais lento. “São diversos os investidores que estão chegando e adquirindo propriedades, haverá sim um crescimento, mas é uma situação de médio a longo prazo. Quem vai plantar precisa estar com a área preparada, e esse planejamento leva mais de um ano, então, o maior impacto de crescimento, creio que vai ser a partir de 2020, já com o efeito da nova governança”, ressaltou Paludo.
AGROINDÚSTRIA – O empresário ressaltou ainda que o estado não deve se tornar um mero exportador de grãos, mas agregar valor ao produto. De acordo com Paludo, uma indústria de ração, que já está instalada no estado, utiliza a técnica de extrusão, que é um processo de tratamento térmico com alta temperatura em curto tempo que, por uma combinação de calor, umidade e trabalho mecânico, modifica profundamente as matérias-primas, proporcionando novos formatos e estruturas com diferentes características funcionais e nutricionais.
“Essa técnica já foi pesquisada pela Embrapa, que descobriu que, quando você fornece o milho para o boi, o boi só aproveita 48% do grão, ele não consegue quebrar certas estruturas do milho. Com a extrusão a digestão vai para 92% do milho e 96% da soja. Então eu vou ter um aproveitamento 50% superior, do grão, permitindo que a gente invista mais na produção de proteína animal. Porque eu acho que a gente deve exportar para a China e outros países, mais proteína animal, seja boi, suíno, isso é mais valor agregado, gerando mais empregos e mais sustentabilidade”, destacou Paludo.
O empresário disse ainda que, recentemente, chegou ao estado um grupo que vai investir no processamento da soja. “O grupo Rezende já começou as obras, é um projeto de R$ 24 milhões, eles estão instalados próximos ao Frigo 10, já estão fazendo a infraestrutura, com capacidade para processar 500 mil sacas de soja”.
GARGALOS – Para o empresário do agronegócio, Ermilo Paludo, a saída para o crescimento da economia em Roraima é o setor primário, mas, falta ‘segurança jurídica’ para alavancar o setor. “Os maiores gargalos são a questão fundiária, ambiental e energética”, ressaltou.
“Agora nós temos um governador com grande capacidade de administração, que sempre foi correto com os negócios e que vai oportunizar o desenvolvimento para todos, com uma política abrangente, de incentivo não só ao agronegócio, mas à agricultura familiar e indígena. O estado precisa produzir, e as pessoas têm que ter dignidade, não ficar mais dependendo do serviço público. O desenvolvimento tem que ocorrer de forma ampla”, enfatizou.