Política

Bancada federal pede pressa do STF sobre pedido de prisão

Parlamentares se dizem preocupados com a situação, pois caso envolve a mais alta cúpula da política brasileira

Senadores e deputados federais da bancada de políticos de Roraima comentaram, nesta terça-feira, o pedido de prisão contra o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e consideram como graves a situação e a crise política. Além de Jucá, o procurador-geral da República Rodrigo Janot também pediu a prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do ex-presidente e ex-senador José Sarney (PMDB-AP).

Para o senador Telmário Mota (PDT), a corrupção está disseminada e é preciso “limpar” a política brasileira. Ele manifestou preocupação com os pedidos de prisão do senador, mas ponderou que o procurador-geral da República agiu porque tinha elementos que o convenceram da necessidade de preservar a Operação Lava-Jato. “É preciso celeridade no exame das gravações de Romero Jucá. Se ele cometeu crime, tem que pagar e a indicação de Janot foi nesse sentido, para evitar que ele influencie como está influenciando dentro do governo Temer [PMDB]” disse.

“O Supremo Tribunal Federal deve responder com a máxima urgência ao pedido do procurador. Cada minuto sem definição desse assunto compromete a credibilidade do Legislativo e do Judiciário brasileiros”, afirmou a senadora Ângela Portela (PT), diante do pedido de prisão apresentado por Janot ao ministro Teori Zavascki, do STF, contra os senadores Romero Jucá e Renan Calheiros, o deputado Eduardo Cunha e o ex-presidente José Sarney. “Esse pedido do procurador Janot agrava ainda mais uma situação que já era gravíssima”, disse Ângela.

“É inaceitável que parlamentares atuem para mudar normas legais, com o objetivo de se manterem impunes. Minha expectativa é de que eles possam apresentar explicações consistentes à Justiça e ao País. Se não puderem, que tenham a mesma punição reservada a qualquer cidadão que age fora da lei”, frisou a senadora ao lembrar que também pairam suspeitas de que Jucá, Renan, Sarney e Cunha tenham recebido dinheiro desviado dos cofres públicos para financiar as suas próprias campanhas eleitorais ou de candidatos do seu partido, o PMDB.

A parlamentar de Roraima entende que o País não pode ficar paralisado, à espera de solução para um caso extremamente grave e constrangedor que envolve os presidentes da Câmara e do Senado, o presidente de um dos maiores partidos do País e um ex-presidente da República.

DEPUTADOS – Dos deputados federais procurados pela Folha, apenas a deputada Shéridan (PSDB) e o deputado Hiran Gonçalves (PP/RR) se manifestaram. “Se houve a tentativa de obstruir e atrapalhar as investigações da Operação Lava-Jato, as ações tomadas pela Justiça devem ser respeitadas. Cabe agora aguardar a decisão do STF”, disse Shéridan.

Hiran Gonçalves afirmou que todos foram pegos de surpresa com o vazamento das informações. “Nós vemos com muita preocupação e estamos em estado democrático de direito e ninguém está acima da lei. Obviamente, temos que aguardar com serenidade para ver como será decidido. Eu acredito que uma decisão dessa, tão importante, será discutida com colegiado. As investigações estão chegando a níveis nunca antes vistos na República. Respeitado o processo legal, aqueles que têm delitos imputados que prestem contas com a Justiça. O parlamento tem desgaste e termina o justo pagando pelo pecador”, frisou.

OBSTRUÇÃO – Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, todos são suspeitos de tentativa de obstrução das investigações da Operação Lava-Jato. Ele enviou ao ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo, os pedidos de prisão com base em conversas gravadas pelo delator Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Em uma das gravações, Romero Jucá aparece sugerindo que a classe política faça um “pacto para estancar a sangria” causada pela Operação Lava-Jato, na qual ele é investigado.