Política

Bolsonaro recebe Guaidó e reafirma apoio a novas eleições

O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), se reuniu no início da tarde de ontem, 28, com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó. Após o encontro ocorrido no Palácio do Planalto, em Brasília, eles deram entrevista coletiva e trataram dos conflitos na Venezuela e do apoio do Brasil para a realização de novas eleições no país.

Primeiro a falar, o presidente encarregado Juan Guaidó agradeceu o apoio do governo brasileiro, tratou dos conflitos no país que resultaram em mortos e feridos e defendeu as instituições democráticas.

Guaidó afirmou que era preciso impedir que um pequeno grupo se apodere dos recursos de um povo. “Não se pode utilizar da palavra ‘povo’ para se aproveitar dele. Tem que trabalhar para libertá-lo e pelo seu bem-estar”, afirmou.

Ele disse que continuará lutando pela entrada da ajuda humanitária na Venezuela e pelo próprio país. “Todos queremos urgentemente viver em paz, mas não podemos viver em paz quando massacram indígenas e aborígenes em Santa Elena de Uairén, fronteira com Roraima”, frisou.

Apesar da tentativa frustrada de entrada de alimentos e medicamentos na Venezuela, o presidente encarregado ressaltou que continuará as tratativas e que planeja retornar ao seu país neste fim de semana.

“O único caminho para os venezuelanos é encontrar a democracia, é recuperar a liberdade e criar a oportunidade para que a nossa gente regresse. Declaro que nossa luta é constitucional para construir um governo de transição que gere estabilidade e institucionalize uma eleição livre”, concluiu.

BRASIL – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) se dirigiu a Guaidó como presidente encarregado da Venezuela e disse ter satisfação e honra em recebê-lo. Ele afirmou ainda que a situação o país vizinho foi influenciada, em parte, pelas gestões dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).

“Faço uma mea culpa que dois ex-presidentes do Brasil tiveram parte ou foram partes responsáveis pelo que vem acontecendo na Venezuela hoje em dia. O Brasil, ouso dizer, estava no caminho semelhante. Graças a Deus, o povo acordou e em parte se mirou no que acontecia negativamente em seu país e resolveu dar um ponto final no populismo, na demagogia barata que leva exatamente à situação em que a Venezuela se encontra”, declarou.

Bolsonaro disse que, supostamente durante a conversa a portas fechadas com Guaidó, o então presidente encarregado teria criticado os partidos de esquerda na Venezuela. “Essa esquerda, como você disse ali em cima agora há pouco, gosta tanto de pobres que acabou multiplicando-os. E a igualdade buscada por eles foi por baixo. Nós, eu, Guaidó, queremos uma igualdade por cima, na prosperidade”, afirmou.

Por fim, o presidente Bolsonaro completou que o governo continuará apoiando todas as resoluções do Grupo de Lima, para que a democracia seja restabelecida na Venezuela, já que também interessa ao Brasil o retorno de um país aliado e que esteja economicamente próspero.

“Todos nós sabemos que isso só será possível não apenas com eleições, mas com eleições limpas e confiáveis. Sabemos que em um segundo tempo, o que teu país enfrentará será a recuperação econômica. Pode contar conosco no que for possível, apesar dos problemas que enfrentamos aqui”, destacou.

“Muito obrigado por confiar no povo brasileiro. Estamos juntos para que o sonho maior de qualquer homem e mulher seja restabelecido, ou seja, a sua liberdade. Conte conosco. Deus é brasileiro e venezuelano”, concluiu Bolsonaro.

AGENDA – O presidente encarregado da Venezuela, Juan Guaidó, continuou o cumprimento de agenda em Brasília com uma reunião com o senador Davi Alcolumbre, presidente do Senado. A expectativa era que Guaidó fosse a Pacaraima, porém, ele não deu mais detalhes sobre as suas atividades no País.

A informação até o momento é de que Guaidó permanece no Brasil até esta sexta-feira, depois seguirá para o Paraguai e no fim de semana deve retornar à Venezuela. (P.C.)