Brasil e Venezuela entraram em atrito diplomático após o Brasil vetar a entrada da Venezuela no grupo de países emergentes Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A decisão foi tomada durante a cúpula do bloco em Kazan, na Rússia, e gerou forte reação do governo venezuelano.
Venezuela se sente “agredida”
O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela classificou o veto brasileiro como uma “agressão” e um “gesto hostil”, relembrando as políticas do ex-presidente Jair Bolsonaro, que eram contrárias ao governo de Nicolás Maduro. A Venezuela esperava ser aceita como membro associado do Brics, mas o Brasil se opôs à sua entrada.
Brasil defende critérios claros
O Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) afirmou que a decisão de barrar a Venezuela foi baseada em critérios e princípios definidos pelo bloco para novas adesões. Entre eles, estão a defesa da reforma da ONU, a oposição a sanções econômicas unilaterais e a manutenção de relações amigáveis com todos os membros.
Relações estremecidas
As relações entre Brasil e Venezuela estão estremecidas desde a reeleição de Maduro em julho, em uma eleição contestada pela oposição e por organismos internacionais. O Brasil questionou a validade do processo eleitoral e se afastou diplomaticamente do país vizinho.
Putin tenta acalmar os ânimos
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, tentou amenizar a situação, afirmando que respeita a posição do Brasil e que espera que as relações entre os dois países melhorem. Putin lembrou que a inclusão de novos membros no Brics depende do consenso entre os países do bloco.
Especialistas analisam a situação
Para especialistas, a posição do Brasil é coerente com o atual momento de distanciamento entre os dois países. “Não temos relação amigável com a Venezuela neste momento”, afirmou Maria Elena Rodríguez, coordenadora do grupo de pesquisa sobre Brics da PUC-Rio.
Desentendimentos com a Nicarágua
O Brasil também vetou a entrada da Nicarágua no Brics pelos mesmos motivos. As relações entre os dois países se deterioraram após a expulsão de embaixadores em agosto, em meio a desentendimentos sobre a situação política na Nicarágua.