Política

Caminhões de ajuda humanitária são barrados na Venezuela

Os primeiros caminhões com ajuda humanitária dos Estados Unidos para a Venezuela chegaram à cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta

Veículos com alimentos e remédios fornecidos pelos EUA não conseguem atravessar ponte fronteiriça, bloqueada por governo de Nicolás Maduro, que alega que permitir acesso abriria caminho para intervenção militar americana.

Os primeiros caminhões com ajuda humanitária dos Estados Unidos para a Venezuela chegaram à cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta. Os veículos estão atualmente estacionados perto da ponte Tienditas, que continua bloqueada por tropas venezuelanas

O presidente Nicolás Maduro, que tem o apoio do Exército, não deixou os caminhões entrarem no país. O líder da oposição Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino da Venezuela no dia 23 de janeiro, alertou que muitos venezuelanos estão sob risco de morte correm o risco de morrer sem a ajuda internacional.

O impasse sobre os caminhões é mais um capítulo da crise política, econômica e social que a Venezuela enfrenta. Politicamente, o cenário no país se agravou desde janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou presidente e foi reconhecido por diversos países, incluindo Estados Unidos e Brasil, aumentando a pressão contra o regime de Maduro.

Foi em meio a esse contexto que, na quinta-feira, vários caminhões com alimentos e remédios chegaram a um centro de coleta em Cúcuta. Os veículos foram escoltados por policiais colombianos em motos. Enviados pelos Estados Unidos, os suprimentos foram, no entanto, impedidos de entrar.

A ponte que dá acesso ao país foi bloqueada por militares venezuelanos. Não ficou imediatamente claro como a ajuda humanitária seria entregue do outro lado da fronteira. Os militares venezuelanos já haviam colocado contêineres de carga e um caminhão-tanque para bloquear a ponte Tienditas, que liga Cúcuta e a cidade de Ureña, na Venezuela. Maduro recusou a ajuda estrangeira, alegando que permitir o o acesso abriria caminho para uma intervenção militar americana com intenção de derrubá-lo.

Ele disse que “ninguém vai entrar, nem um único soldado invasor”. Enquanto isso, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, exige que a Venezuela reabra a ponte, ressaltando que “o regime de Maduro tem de permitir que a ajuda alcance o povo faminto”. Vários líderes venezuelanos também pediram aos militares que permitissem a entrada dos caminhões de ajuda no país.

Guaidó não controla nenhum território na Venezuela e, em vez disso, planeja instalar centros de coleta em países vizinhos para os quais os venezuelanos fugiram. Ele disse que queria criar uma coalizão internacional para obter ajuda em três pontos e pressionar o Exército dada Venezuela a permitir a entrada dessa ajuda no país. Em um tuíte no último domingo, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, John Bolton, disse que os planos estão avançados.

Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse em uma entrevista que o uso da força militar continua sendo “uma opção”. Em seu discurso na terça-feira sobre o Estado da União – tradicional discurso perante o Congresso em que o mandatário fala sobre as conquistas do governo e apresenta sua agenda política para o ano que se inicia -, ele reiterou seu apoio a Guaidó e disse: “Estamos ao lado do povo venezuelano em sua nobre busca pela liberdade”.

*INFORMAÇÕES: Jornal Folha de São Paulo.