Capital e 4 municípios têm mais de 400 casos de trabalho infantil

Com a pactuação para erradicação das piores formas do Trabalho Infantil até 2016, e erradicação total até 2020, Roraima tenta melhorar as estratégias de combate e insere mais cinco municípios dentro das ações fundamentais de apoio ao Programa de Erradicação (PETI).
Para receber recursos de combate ao trabalho infantil, um município antes precisava ter mais de 1000 casos ou 200 casos de aumento em relação ao ano anterior. Com a nova mudança, qualquer local com mais de 400 casos de trabalho infantil entra na pactuação. Assim, em Roraima, não só Boa Vista, mas Bonfim, Alto Alegre, Rorainópolis e Uiramutã serão beneficiados com recursos.
“Precisamos criar um plano de trabalho e foi estabelecido um prazo para que o Estado articulasse com os municípios de que forma seria feita essa erradicação. Hoje os municípios recebem cerca de R$ 50,00 por criança atendida, o que é muito pouco para custear um local para atendimento, orientador, merenda, manutenção. Apesar disso, temos o trabalho do For Pet, que é o Forum Roraimense contra o Trabalho Infantil que engloba 13 entidades parceiras que fomentam ações e políticas e têm alavancado o compromisso de fazer essa erradicação”, explicou Eliseu Soares, técnico de referência do PETI estadual.
DADOS – Conforme dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado em 2010, Roraima ocupava o 5º lugar no ranking do trabalho infantil no País e o estado teve 59% de acréscimo desde o censo de 2000. No Estado inteiro, há 11.238 crianças em situação de trabalho infantil, diagnosticadas pelo IBGE no Censo 2010.
Consta no estudo que só em Boa Vista o número de crianças em situação de trabalho infantil está em 2.300 casos, de 10 a 16 anos. Em Bonfim, que tinha 359 crianças na situação, aumentou, em 2010, mais 200 casos.
O Município de Uiramutã ocupa o posto de campeão na proporcionalidade. Com uma população de 8.375 habitantes em 2010, o município registrou 1.748 pessoas na faixa etária de 10 a 17 anos de idade (20,87% da população), das quais, 742 estavam ocupadas. Ou seja, 42,5% das pessoas de 10 a 17 anos trabalhavam.
“Questionaram como Uiramutã foi considerada como o maior índice de trabalho infantil proporcionalmente, com 594 casos. É simples! Lá há muito indígena e a cultura deles é diferente, apesar disto ser lamentável do ponto de vista das crianças, para os índios é vantajoso dizer que os filhos trabalham desde pequenos. Há locais onde as escolas são fechadas para que as crianças possam trabalhar”, acrescentou.
O Município de Alto Alegre apresentou um aumento de 289,33%, com 876 crianças trabalhando, seguido de Bonfim, que possui 527 crianças na mesma condição, um acréscimo de 244%. Em Pacaraima, são 492 crianças, 39% à frente do que havia sido anotado no ano de 2000. Em Rorainópolis, a exploração infantil aumentou 149,35%, com 1157 crianças à mercê deste crime.