Política

CASO Yanomami: Senador critica oitivas de Comissão

O parlamentar reclamou da falta de testemunhas de outras organizações indígenas e dos representantes da Hutukara no evento

O senador Telmário Mota criticou a pouca participação indígena nas reuniões que estão sendo feitas pela Comissão de Direitos Humanos do Senado em Roraima. Segundo ele, das mais de 33 associações e entidades existentes em Roraima representando as mais diversas categorias indígenas, apenas uma teria participado a reunião ocorrida no Ministério Público Federal. 

“Me causou estranheza pois eu estou nessa comissão do Senado que veio apurar as agressões aos povos indígenas, especialmente aos ianomanis e na audiência de ontem no MPF, uma coisa me chamou atenção pois eu pensei que ia encontrar diversas correntes dos povos indígenas, mas só tinha uma corrente lá, que era o CIR, o ISA e o CIMI que são 3 em 1 e todos da igreja católica”

A reunião foi coordenada pela comissão externa criada pela Câmara dos Deputados, coordenada pela deputada federal Joenia Wapichana e pela comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, presidida pelo senador Humerto Costa.

Eles estão em Roraima para apurar as denúncias de violência de garimpeiros ilegais contra indígenas da TI Yanomami. 

Durante dois dias, um grupo de oito parlamentares, senadores e deputados, participará de audiências em Roraima para coletar relatos dos próprios Yanomami e também de autoridades locais sobre denúncias de assédio, estupro, assassinato e desaparecimento de crianças, adolescentes e mulheres indígenas, assediadas e atacadas por garimpeiros ilegais. 

O senador reclamou ainda da ausência da Hutukara Associação Yanomami, presidida pelo Davi e por Dário Kopenawa, que segundo ele ficou de fora.
“Por que que ela ficou de fora? A Sodiur, apor exemplo que é uma outra grande organização dos povos indígenas. Por que ficou de fora? Alidicir por que ficou de fora? Sabe? Eu não entendi. Isso perde a imparcialidade das oitivas e do trabalho. Eu não gostei disso. Não gostei disso. Porque isso acaba depondo contra o nosso estado”

O parlamentar disse ainda que observou durante as oitivas da Comissão situações que segundo ele estariam sendo orquestradas. 

“Eu vi por exemplo um padre sendo tradutor de uma pessoa que se disse líder yanomami, que não falava português, mas ele pronunciava bem o nome do rio Arariquera, do rio Mucajaí e os números quantitativos e por fim eu vi nele uma aliança de ouro bem-feita, o que estranhei porque o indígena que vive na mata e não fala português não usa coisa do branco, ainda mais aliança que não sabe o que é simbologia da aliança e isso tudo me chamou a atenção”

A preocupação do político, seria por conta das denúncias feitas pelas testemunhas para a comissão.

“Tiveram muitas acusações gravíssimas, gravíssimas e que eu não vi as demais organizações dos povos indígenas ali, para a gente realmente formar um juiz perfeito. Isso não é bom. Porque nós viemos aqui fazer o trabalho sério, buscar a verdade. Doa a quem doer. A verdade tem que ser estabelecida. Agora não contem comigo para fazer qualquer tipo de camuflagem ou qualquer tipo de montagem contra o meu estado e contra o meu povo” finalizou.

Programação

A Diligência da Comissão de Direitos Humanos para avaliar a situação da comunidade indígena dos Yanomami chegou dia 11 e já reuniu com organizações indígenas e indigenistas

Hoje dia 12 maio está ocorrendo uma Audiência Pública com representantes do Ministério Público Federal, Assembleia Legislativa de Roraima, Governo do Estado de Roraima, Exército, Funai, Ibama, Ministério Público Estadual, Defensoria Pública da União, Conselho Indígena de Roraima e organizações indígenas e indigenistas.

A tarde ocorrerá Audiência com o governador de Roraima Antonio Denarium e com o superintendente da Polícia Federal em Roraima