A deputada estadual Catarina Guerra apresentou à comissão executiva nacional do União Brasil um pedido de intervenção por 180 dias no diretório municipal da sigla em Boa Vista, presidido por Nicoletti, e a anulação da convenção que confirmou o deputado federal como candidato à Prefeitura. Ambos se declaram postulantes ao Palácio 9 de Julho.
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O pedido ainda tem outras cinco assinaturas, incluindo a do deputado federal Pastor Diniz e dos deputados estaduais Cláudio Cirurgião e Jorge Everton. Eles apontam descumprimentos de regras da direção nacional, como:
- Resolução interna que exige que, em capitais, as candidaturas devem ter viabilidade mínima, condicionadas à aprovação da direção nacional da sigla;
- Decisão nacional que reconheceu que Catarina Guerra cumpre esse requisito e se opôs ao nome de Nicoletti.
Os políticos também alegam que Catarina Guerra sempre manteve seu nome à disposição do partido, mas que sofreu resistência por parte de Nicoletti. Eles argumentam que a convenção municipal que aprovou o nome do deputado federal por 11 votos a seis violou as diretrizes nacionais da legenda.
A comissão interventora sugerida seria composta pela própria Catarina, além de Diniz, Everton, Cláudio e o filiado Mizael Mário Bros. Pelo menos treze candidatos a vereador confirmados pelo União Brasil já declararam apoio a Nicoletti.
Ainda conforme o documento, uma nova convenção para definir a candidatura do União Brasil, sem uma intervenção nacional, seria insuficiente para resolver a questão porque a sigla é presidida pelo deputado federal. Na opinião dos políticos, Nicoletti “tem colocado seus interesses pessoais à frente dos interesses do partido”. Eles enfatizam que uma possível intervenção não prejudicaria eventual processo disciplinar contra o parlamentar.
Na terça-feira (6), a executiva nacional do União Brasil anulou parcialmente a convenção municipal em Boa Vista e determinou que seja comunicado à Justiça Eleitoral a escolha da deputada Catarina Guerra como candidata ao cargo de prefeita. A ata foi enviada após a reunião.
O que diz Nicoletti
Procurado, Nicoletti afirmou que Catarina Guerra desrespeita a decisão dos filiados que o elegeram presidente municipal do partido em 2023, com mandato até 2027, declarou que respeita todas as normas e decisões da comissão executiva nacional, bem como o estatuto interno, mas que vai descumprir a decisão nacional que determinou a substituição da candidatura.
“Nós fizemos uma convenção democrática no dia 3 na qual a deputada e todos esses parlamentares que estão pedindo intervenção participaram. Se eles achassem que não era válida a convenção do dia 3, não teriam participado. Eles participaram, votaram, foram abertas falas e ponderações, todos assinaram a ata e no final foi decidido por 11 votos a 6 que o Nicoletti é o candidato do União Brasil”, declarou.
O deputado federal afirmou, também, que a ata da executiva nacional é inválida, porque trata de uma reunião, e não de uma convenção. Ele também defendeu que possui registro de candidatura, diferentemente de Catarina, e que aguarda a decisão da Justiça Eleitoral sobre a análise do pedido para ser candidato.
“Não é que eu não queira cumprir [a decisão nacional], mas ela não pode [ser candidata] porque, realmente, não tem argumentação jurídica plausível. pois a troca de candidatos se dá apenas por renúncia, morte ou inelegibilidade do candidato”, argumentou.