CCJ da Câmara aprova aumento de pena para invasão de terras

Proposta amplia pena e autoriza ação policial sem ordem judicial para retirada de invasores; texto ainda precisa passar pelo Plenário da Câmara.

 (Foto: Arquivo Folha/BV)
(Foto: Arquivo Folha/BV)

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por 39 votos a 15, um projeto que endurece a punição para invasão de propriedades alheias. O texto propõe pena de reclusão de um a quatro anos e multa para quem invadir e permanecer sem autorização em terrenos ou edifícios alheios, seja para esbulho possessório ou reivindicação de ações do Estado.

A proposta, que ainda precisa ser votada no Plenário da Câmara antes de seguir ao Senado, substitui uma versão anterior da Comissão de Segurança Pública. Além de modificar o Código Penal, a iniciativa inclui alterações no Código Civil e no Código de Processo Civil para acelerar a desocupação de propriedades invadidas.

Principais mudanças

  • Código Penal: Amplia a pena atual, que era de detenção de um a seis meses, para reclusão de um a quatro anos. A pena é agravada em casos de invasões cometidas por grupos de três ou mais pessoas, em propriedades rurais produtivas ou quando os invasores permanecem após notificação.
  • Código Civil: Autoriza o uso da força policial sem necessidade de ordem judicial para desocupações dentro de 180 dias após a invasão, com prazo de 48 horas para cumprimento da medida.
  • Código de Processo Civil: Estabelece prazo máximo de 48 horas para cumprimento de decisões de reintegração de posse, além de medidas como remoção de invasores e suspensão de serviços públicos no local.

Mudanças no marco temporal indígena

O texto também altera a Lei do Marco Temporal, estipulando que invasões de áreas em processo de demarcação suspendem o procedimento e obrigam o Poder Público a indenizar o não indígena pela terra e prejuízos.

Críticas e justificativas

Parlamentares progressistas, como o deputado Bacelar (PV-BA), afirmaram que a medida criminaliza movimentos sociais e povos indígenas, além de incentivar o uso da força em conflitos fundiários. Por outro lado, o relator, deputado Zucco (PL-RS), defendeu a proposta como uma forma de fortalecer o respeito à propriedade privada e garantir segurança e progresso.