Política

Chagas afirma que projeto tira direitos de servidores estaduais

Projeto de Lei, que tramita em regime de urgência na Câmara, prevê que servidores não tenham reajuste, vantagens ou adequação de salários

O deputado Coronel Chagas (PRTB) fez críticas ao Projeto de Lei Complementar nº 257/16, de autoria do Governo Federal, que propõe aos estados e municípios o aumento do prazo para pagamento de dívidas com a União em até 240 meses. Segundo ele, a contrapartida desse projeto seria a restrição e perdas de direitos dos servidores públicos estaduais.

O deputado foi à tribuna da Assembleia Legislativa de Roraima, na sessão de ontem, para explicar que o projeto tramita em regime de urgência no Congresso Nacional e, após a aprovação, os estados e municípios deverão, em 180 dias, adequar suas legislações para cumprir as condições impostas para o prolongamento da dívida. A alegação da União é a necessidade de reequilíbrio fiscal e financeiro.

Dentre as medidas do Plano de Auxílio aos Estados e Municípios constante no projeto, que teriam um prazo de dois anos de vigência, estão: o não reajuste, vantagens ou adequação de salários; limitar despesas; vedar novas leis e programas que concedam benefícios de natureza tributária; suspender admissão ou contratação de pessoal; reduzir em 10% despesas com cargos comissionados; elevação das alíquotas de contribuição previdenciária de servidores; reforma do regime jurídico dos servidores civis e militares; dentre outros itens.

Chagas chamou o projeto de “malfadado” e disse que o objetivo é condicionar os governos estaduais prejudicando servidores públicos. Ele destacou os itens que atingem diretamente os militares. “Existem outras maldades específicas para os servidores militares, por exemplo, aumentar o tempo de serviço, afetando assim a passagem para a reserva remunerada; acabar com o posto de graduação imediata, impondo todas as condições aplicadas aos servidores civis da União e mantendo todas as obrigações”, alertou.

Em seu discurso, Coronel Chagas disse que estava fazendo um alerta aos servidores públicos e aos parlamentares. “Não foi o servidor público o responsável pelo endividamento do Estado, em nenhum dos estados brasileiros. O responsável pelo endividamento é a má gestão dos governantes que por aí passaram. Não queiram colocar para os servidores pagarem essa dívida. Há muitas outras maneiras de resolver a questão do reequilíbrio fiscal dos Estados sem retirar direitos dos servidores públicos. Nós não vamos admitir”, criticou.

O deputado lembrou que não adianta a aprovação apenas pela Câmara e Senado. Caso o governo estadual queira negociar suas dívidas, terá de encaminhar ao Legislativo estadual proposta para modificar leis hoje vigentes, que tratam das carreiras de servidores de todas as áreas.

O PLP 257/2016 recebeu 209 emendas parlamentares e entrou na pauta para votação na Câmara dos Deputados no dia 04 de abril. Por tramitar em caráter de urgência, o projeto deve ser votado até o dia 6 de maio e encaminhado ao Senado, que terá mais 45 dias para apreciar a proposta.

HISTÓRICO – O plano foi anunciado no dia 21 de março, pelos ministros da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Valdir Moysés Simão. Segundo eles, o objetivo é manter o pagamento de juros e amortizações da dívida ao sistema financeiro e aumentar a arrecadação da União, além de estabelecer um novo limite para o crescimento do gasto público.

Para isso, o Governo Federal estipulou três etapas de procedimentos. A primeira inclui ações como a restrição à ampliação do quadro de pessoal – com a proibição de criação de cargos, funções, alteração da estrutura de carreiras e contratação de pessoal, com exceção a reposição de funcionários -, restrição dos reajustes reais de salários dos servidores (acima da inflação), ao crescimento das despesas discricionárias e administrativas, e redução das despesas com cargos em comissão de pelo menos 10%.

A segunda etapa, se necessário, implicará na restrição de aumentos nominais de salários dos servidores, e também a novos subsídios e despesas.

Com tudo isso, caso o Estado não tenha encontrado o equilíbrio nas contas a terceira etapa será ainda mais restritiva. O corte atingirá as despesas com benefícios a servidores, com redução em até 30% dos gastos decorrentes de parcelas indenizatórias e vantagens de natureza transitória (transferências, diárias, etc.), e ainda a redução de despesas por meio de programas de demissão voluntária e licença incentivada (não remunerada). Além disso, prevê também restrição no aumento real do salário mínimo.