AGENDA DA SEMANA

Ciro Gomes diz que Brasil está atrasado há 10 anos por perder oportunidades de investimento

No programa Agenda da Semana, ele também opinou sobre a possibilidade de exploração de petróleo em Roraima e a imigração venezuelana

O programa Agenda da Semana acontece todo domingo de manhã, das 8h às 12h, na rádio Folha FM 100.3 (Foto: Raiza Garxia/FolhaBV)
O programa Agenda da Semana acontece todo domingo de manhã, das 8h às 12h, na rádio Folha FM 100.3 (Foto: Raiza Garxia/FolhaBV)

O advogado e ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes, foi entrevistado no programa Agenda da Semana desse domingo (23). Durante a conversa com o apresentador Getúlio Cruz, defendeu o potencial de desenvolvimento de Roraima e opinou sobre o governo do atual presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, comentou sobre a possibilidade de exploração de petróleo em Roraima, na fronteira com a Guiana.

O entrevistado visitou, no último sábado (22), a Operação Acolhida em Pacaraima, na fronteira com a Venezuela, para conhecer a realidade atual da região. Sobre o processo de imigração dos venezuelanos no Brasil, ele afirmou:

“Concordo com o acolhimento de venezuelanos, enquanto valor humanitário, mas é muito grande o impacto de 1 mil pessoas entrando em uma comunidade, como uma escola que tinha vaga para 700 crianças, um sistema prisional que já tem 500 presos da Venezuela, o sistema de saúde, de aposentadoria. Tudo isso desqualifica os serviços, gera um estresse no mercado de trabalho e gera um antagonismo odiento que é a semente do fascismo. Quem tem que indenizar essa solidariedade do Lula é a União Federal. Roraima está enfrentando esse problema sozinho, e isso explode na política, na violência, xenofobia, que são coisas deformantes do nosso caráter”.

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Ao falar sobre a competição de mercado em relação a outros países, Ciro Gomes citou a Guiana e defendeu a exploração petrolífera no Brasil. Entretanto, segundo ele, o país está há 10 anos atrasado e deixa passar as oportunidades de investimento.

“O complexo industrial do agronegócio, da defesa, do petróleo, gás e bioenergia, estão importando dos Estados Unidos 35% do óleo diesel que estamos queimando aqui nas termelétricas. […] Tudo de indústria é importado do exterior, sendo que existe mercado aqui. Estão deixando quebrar as indústrias brasileiras, porque preferem importar de fora. […] O mesmo petróleo da Guiana, que está explodindo de progresso, tem aqui no Brasil, para ser explorado, porém não deixam. Estamos atrasados há 10 anos. O pessoal de Bonfim está vendo as coisas acontecerem e está pedindo ajuda. Vou pedir para que o Banco do Brasil estabeleça uma unidade lá em Lethem, porque os brasileiros vão para lá, ganham dinheiro e têm que levar em sacolas, porque o governo brasileiro não resolve essas coisas e nem exercita a potencialidade do Brasil. O país precisa prestar mais atenção, mas vai deixando passar as oportunidades”, disse.

Ao longo da entrevista, também opinou a respeito do governo do ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e do atual, Lula, que saiu vencedor nas eleições presidenciais de 2022, também concorridas por Ciro Gomes. De acordo com ele, ambas gestões são parecidas.

“Os dois [Lula e Bolsonaro] fazem apologia à ignorância. […] O mais popular é o que fala mais bobagem, porque aí parece que é gente boa, do povão. É tudo igual, o modelo econômico, de governança política sentado no clientelismo e na corrupção, a falta absurda de planejamento para qualquer setor. Para onde o Brasil está indo em matérias de ciências e tecnologia? Qual é o nosso papel na divisão internacional de trabalho que o mundo está impondo? […] O Brasil está decaindo em matéria de virtudes civilizatórias, mas, de qualquer forma, ainda temos todas as vantagens comparativas da velha economia, como o petróleo, terras, água, e os talentos humanos. O que tem fracassado miseravelmente no mundo é a política”, protestou.

Assista à entrevista completa