Política

Compra de sede causa tumulto em assembléia

A diretoria comprou uma casa de R$ 1, 5 milhão que seria pertencente a um vereador para servir de sede ao sindicato

A compra de uma casa para servir como sede do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista – Sitram causou tumulto entre os membros e a diretoria em uma assembléia ocorrida nesta segunda-feira, 29, quando a presidenta em exercício, Lucinalda Coelho anunciou que a direção do sindicato em comum acordo com o Conselho Fiscal, que teria comprado um imóvel localizado no bairro Santa Teresa no valor de R$ 1 milhão e 500 mil reais.

De acordo com a professora Cirdenis Santana, a compra não foi feita de comum acordo com os professores, que destinavam 2% do seu salário desde 2012 para arrecadar fundos para a nova sede. Conforme a professora, a decisão de comprar um imóvel de 1, 5 milhão de um vereador colega da presidente, sem consultar os sindicalizados , e em pleno momento eleitoral, e com o mandato da atual direção chegando ao fim no mês de novembro , gera motivo de questionamento junto a justiça.

“Os presentes a reunião pedem o apoio de todos os sindicalizados que se unem para não aceitar esse até que vergonhoso contra a democracia sindical” relatou.

Segundo ela, o imóvel possui um andar, três salões e salas administrativas e foi comprada de um vereador. Muito longe do que foi debatido com a categoria que previa um espaço arborizado, com piscinas e recreação.

“Durante todo o ano, fizemos assembléia para tratar do assunto, para ser um procedimento bem transparente. De comum acordo, 2% do salário de cada trabalhador vem sendo destinado a essa sede, a diretora do sindicato informou a compra de uma sede no valor de R$1 milhão e meio, o valor que tinhamos arrecadado. Porém, não tinhamos acordado, a compra não passou por assembléia, foi proposto que nós fizessemos uma votação, aprovando ou não a compra, e por unanimidade ninguém aceitou” relatou.

De acordo com Cirdenis, após essa votação a confusão começou. “A diretoria se retirou do local e não encerrou a ata da reunião. Mesmo assim, os presentes por unanimidade rejeitaram a compra do imóvel. Uma outra ata fora elaborada. De forma unânime, os presentes repudiaram tal decisão da direção do sindicato” relatou.

O outro lado

A diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Boa Vista (Sitram) esclarece aos associados e ao público em geral que a compra da sede obedeceu aos critérios estabelecidos no Estatuto.

Por meio de uma nota oficial, o sindicato ressaltou ainda que é fiscalizado por um conselho que auxilia na tomada de decisões da diretoria.

As dirigentes estão amparadas por lei e destacam que em 27 anos de luta o Sitram não tinha nenhum patrimônio, como este adquirido agora.

No ano de 2015, o Sitram recebeu da Prefeitura Municipal de Boa Vista (PMBV) a doação de um terreno para construção de uma sede, porém a doação foi questionada pelo Ministério Público de Roraima (MPRR) que recomendou a anulação da doação. Este foi o segundo terreno doado pela PMBV para o Sitram.

“Cumprindo um compromisso com a categoria, a diretoria adquiriu um prédio de um andar, três salões para reuniões e eventos, salas administrativas, banheiros, varanda e estacionamento. Localizado na Avenida Princesa Isabel, bairro Santa Tereza, 15 minutos do Centro. A compra foi feita de boa fé numa oportunidade de adquirir um patrimônio com valor favorável, cujo o recurso era guardado para esta finalidade” afirmou a nota.

Segundo o sindicato, o ocorrido na Assembleia Geral Extraordinária desta segunda-feira, 29, se deu em razão de um tumulto causado por um grupo que comprometeu o bom andamento dos trabalhos. Diante da confusão, a assembleia foi encerrada.

“Muitos associados que construíram este Sindicato se envergonham de servidores que tumultuam as assembleias, reuniões e outros eventos da atual gestão. A diretoria repudia a atitude grosseira desta segunda-feira entre os servidores e afirma que o prédio não pertencia a nenhum político” afirmou.