O novo secretário estadual da Fazenda, Ronaldo Marcílio, ainda não teve tempo de organizar a sala nem de olhar com maior profundidade as cifras do Governo do Estado, mas sabe que o desafio é grande: “Minha principal função é maximizar as receitar e minimizar as despesas para que sobre recursos para aplicação em educação, saúde e segurança, que são os pilares principais de qualquer governo e do nosso também”, disse em entrevista à Folha, na manhã de ontem, horas antes de viajar a Brasília para a primeira reunião como titular da Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz).
Até terça-feira, Marcílio era diretor-presidente do Instituto de Previdência de Roraima (Iper), que, segundo ele, é o Instituto de Previdência com a melhor saúde financeira do país. “Eu estava há quase dois anos no Iper, que todos diziam que era uma caixa-preta. Hoje o Iper é uma caixa transparente.”
Para ele, o desafio de assumir a Secretaria da Fazenda num momento de crise financeira é maior ainda. “Assumimos esse desafio na Sefaz, mas com toda a disposição e garra. Agora vou precisar sentir primeiro se serão necessárias mudanças ou não. Estou assumindo hoje [ontem] e ainda vou conhecer todo o sistema”, comentou.
Ele ainda não tem os números da pasta em mãos, mas a intenção é regularizar os pagamentos dos salários dos servidores, de tributos e do repasse do duodécimo. “Eu ainda preciso me certificar das informações técnicas, analisar as despesas, o fluxo de receita para dar uma opinião mais abalizada. Mas garanto que darei prioridade ao pagamento dos tributos, do duodécimo e dos salários. É fundamental regularizar isso e deixar a Sefaz tranquila”, afirmou.
Nomeado no lugar de Shiská Palamitshchece, Marcílio acredita que o Estado ainda pode crescer, se tratando de captação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). “Já temos uma evolução [de ICMS] muito boa de 2015 para cá. Temos como desenvolver estrutura, tentar otimizar e informatizar o máximo possível a gestão para que a gente cresça e a nossa arrecadação aumente, já que o FPE [Fundo de Participação dos Estados] não depende de nós, e sim do Tesouro da União”, explicou.
Para ele, falar em cortar despesas é complicado. “A economia de Roraima vive do contracheque. Todos sabemos disso. Se houver demissão de 20%, 30% ou 40% da folha, isso vai resultar num encolhimento da economia e, consequentemente, da nossa arrecadação. O caminho não é por ai”, disse.
Quanto ao repasse do duodécimo aos poderes constituídos e órgãos autônomos, o secretário é otimista e acredita que a situação será regularizada em breve. “O diálogo com os poderes é importante, mas a tendência é de as coisas melhorarem e entraremos em 2017 mais tranquilos”, afirmou.
Ele lembrou ainda que o valor creditado no primeiro decênio de novembro do FPE já deve contar com recursos da regularização de bens e ativos no exterior, também conhecida como repatriação. “Ainda não temos o valor exato, mas o FPE do dia 10 já vem alto e eu já começo na secretaria com o pé direito”, disse. “Com essas receitas adicionais, acredito que conseguiremos equacionar as despesas e não atrasar mais as parcelas do duodécimo, por exemplo”, acrescentou.
IPER – No lugar de Ronaldo Marcílio na presidência do Instituto de Previdência assumirá , até então, o diretor-administrativo, Carlos Praia. “Ele vai dar continuidade ao meu trabalho. Estou saindo do Iper com a certeza do dever cumprido e de ter deixado todos os servidores com saudades. No dia que eu sair da Sefaz, eu quero ter esse mesmo sentimento”, citou o novo titular da Fazenda.
Marcílio comentou que, quando assumiu o Iper, o órgão tinha cerca de R$ 1,3 bilhão aplicado e hoje já tem R$ 2,2 bilhões. “Eu tenho o maior orgulho de dizer que esse dinheiro está aplicado no Banco do Brasil e na Caixa Econômica, bancos públicos, que dão retorno do capital investido. Então, acredito que fui convidado para gerir a Sefaz por conta do trabalho que eu estava desenvolvendo à frente do Instituto de Previdência”, destacou. (V.V)