Política

Crime teria sido planejado no escritório onde Jalser foi preso

Membro do grupo de policiais militares liderados pelo deputado teria descrito o crime como uma “missão tenebrosa capaz de perder a farda”

Segundo o parecer da CCJ (Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final), lido na sessão extraordinária na Assembleia Legislativa que decidiu manter a prisão de Jalser Renier, o sequestro e a tortura do jornalista Romano dos Anjos foi planejado no escritório do deputado, no bairro Canarinho, mesmo lugar onde ele seria preso, quase um ano depois. 

Ao detalhar evidências que indicam a participação do deputado no crime, o parecer, lido pelo deputado Coronel Chagas (PRTB), citou, com base no inquérito e na denúncia apresentada pelo Ministério Público, que o subtenente Nadson José Carvalho Nunes, policial lotado na segurança pessoal do deputado Jalser Renier, teve celular conectado à rede wi-fi do escritório do deputado no dia do crime. Segundo Romano, ele e Nadson Nunes se conheciam há décadas. 

Outro indício apontado na sessão é que o subtenente Clóvis Romero, também preso pelo crime, dias antes do ocorrido, esteve com outro policial do Bope, e lhe propôs participar do sequestro, afirmando ter a “missão tenebrosa, capaz de perder a farda”, de “passar um recado para um jornalista”, “o Romano” dos Anjos. 

Também foi citado como indício uma ameaça de Renier ao governador e ao delegado-geral da Polícia Civil, Herbert Amorim, que teria sido para inibir a ação da força-tarefa montada para investigar o caso. 

O relatório destaca ainda que o crime teve uma “clara motivação política”, pois, Romano disse à Civil que um dos bandidos falou: “Você gosta de denunciar, né?”. 

Crime

O sequestro do jornalista Romano dos Anjos, de 40 anos, ocorreu na noite do dia 26 de outubro do ano passado. Ele foi levado de casa no próprio carro, que foi incendiado em seguida.

Ele teve as mãos e pés amarrados com fita e foi vendado e encapuzado pelos suspeitos. Ele foi torturado e passou a noite em uma área de pasto no Bom Intento, zona Rural de Boa Vista. Na manhã do dia seguinte, ele foi visto por um funcionário da Roraima Energia.

Quatro dias após o sequestro, o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), foi até a Polícia Federal pedir que a instituição investigasse o crime, afirmando que o jornalista havia citado ele e um senador no depoimento à Polícia Civil. No entanto, a PF afirmou que não seria atribuição da instituição. 

O sequestro passou a ser investigado pela Polícia Civil numa força-tarefa, até que em 16 de setembro, foi deflagrada a operação Pulitzer, onde foram presos sete investigados, todos ligados a Jalser Renier. 

Os presos nesta ocasião foram:

coronel Paulo Cesar de Lima Gomes
major Vilson Carlos Pereira Araújo
subtenente Nadson José Carvalho Nunes
subtenente Clóvis Romero Magalhães Souza
sargento Gregory Thomaz Brashe Júnior
soldado Thiago de Oliveira Cavalcante Teles 
ex-servidor da Ale-RR Luciano Benedito Valério

Na última sexta-feira, 1, foi decretada a prisão de Jalser Renier e de outros três acusados: 

coronel Natanael Felipe de Oliveira Júnior
coronel Moisés Granjeiro de Carvalho 
sargento Bruno Inforzato Oliveira Gomes