O delegado da Polícia Federal e ex-superintendente da corporação no Amazonas, Alexandre Saraiva, acusou hoje uma série de parlamentares, incluindo dois senadores de Roraima, de serem “financiados por madeireiros.”
Em entrevista ao canal GloboNews, ele disse ser difícil conter crimes ambientais na Amazônia porque os políticos da região são apoiados por quem comete o desmatamento ilegal.
“Esses criminosos têm boa parte dos políticos da região norte no bolso, eu estou falando de governadores, senadores”, disse. Olha o Centrão, veja de onde saíram grande parte dos parlamentares do Centrão. São financiados por esses grupos. [Os senadores] Zequinha Marinho, Telmário Mota, Mecias de Jesus, Jorginho Melo de Santa Catarina mandou ofício, a Carla Zambelli foi lá defender madeireiro. Temos uma bancada do crime, de marginais, de bandidos”.
O delegado continuou: “Sabe qual é a maior prova de que estou falando a verdade? Eu já falei isso várias vezes e eles nunca me processaram, eu tenho dois carrinhos de supermercado de prova”, declarou.
“Quando alguém vê o descumprimento da lei evidente e se presta ao papel de defender o marginal e atacar a polícia, está ajudando os ilegais”.
Saraiva se refere à Operação Handroanthus da PF, que apreendeu 213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no fim de 2020. A investigação apontou desmatamento ilegal, grilagem de terra, fraude em escrituras e exploração madeireira em áreas de preservação permanente.
Telmário afirma que delegado é candidato e quer promoção
O senador Telmário Mota (Pros-RR) disse que o relacionamento com o delegado sempre foi difícil pois ele fez prisões consideradas por ele como “arbitrárias e ilegais” de madereiros.
“Esse delegado é desequilibrado e sem credibilidade além de ser pré-candidato em busca de promoção. Agora acusa pessoas inocentes e vem jogar em meu colo algo que é uma inverdade” disse o senador.
Mota também negou ter interferido em qualquer fiscalização, inquérito ou processo relacionado a crimes ambientais, e disse ter encaminhado denúncia contra Saraiva na corregedoria da Polícia Federal, ao Ministério Público Federal e à Justiça, pelo crime de calúnia.
“Aproveitando a sumida desses estrangeiros e de forma irresponsável colocou na vala comum um monte de parlamentar que não tem nada com isso. Vou entrar com queixa crime contra essas denúncias infundadas e sem sentido”
Telmário lembra que apesar do delegado ser o gestor, ele começou a operações contra os madeireiros.
“A Justiça não encontrou crime e liberou todo mundo e por conta disso, ele criou uma rixa ideológica e após assumir a superintendência de Manaus passou a falar que ia acabar com os madeireiros de RR e começou a perseguição. Ele aprendia todos os caminhões madeireiros de Roraima, não atendia advogado, não atendia ninguém e ficava com a madeira presa até estragar. De forma que por conta disso, faliu mais de 50 madeireiras e mais de 6 mil pessoas foram demitidas por conta dessa essa atitude arbitrária, onde ele fazia sua própria lei”
O senador afirmou que pediu audiência com Ibama, Polícia Federal, Casa Civil buscando criar um procedimento único que não prejudicasse as empresas de Roraima.
“A partir daí ele começou a criar fatos políticos pois é pré-candidato a deputado federal pelo RJ, ou seja, é uma pessoa com clara intenção de autopromoção. A polícia federal é uma polícia de estado e ele foi retirado do cargo por ter pedido a confiança que tinha. Ele abriu uma queixa crime contra mim e o Supremo mandou arquivar por falta de provas, pois não tinha consistência material”.
O senador Mecias de Jesus também foi procurado pela Folha mas segundo sua assessoria ele prefere não se pronunciar sobre o assunto por enquanto.
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Com informações do UOL