Na manhã desta sexta-feira(27) o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu todos os 26 governadores dos estados e mais a governadora interina do Distrito Federal para ouvir as demandas levantadas pelos consórcios regionais.
No evento foram apresentadas propostas que impactam diretamente no desenvolvimento regional e outras que impactam diretamente nas políticas públicas de cada estado.
Roraima apresentou seis pontos ao todo, divididos nos dois eixos, que foram: a continuidade da construção do Linhão de Tucuruí no trecho Manaus (AM) até Boa Vista; a recuperação completa da BR-174 no trecho Manaus(AM) – Boa Vista(RR) – Pacaraima(RR); Asfaltamento da BR-319 que dá acesso a Porto Velho em Rondônia.
No segundo eixo as propostas foram sobre o ressarcimento dos gastos feitos com venezuelanos na crise migratória; ampliação da parcerias com os países que fazem fronteira com Roraima(Guiana e Venezuela) para impactar positivamente na balança comercial e consolidação de extensão de programas estaduais e federais para garantia da segurança alimentar dos povos indígenas.
Para o governador de Roraima, é um momento de reconstrução do pacto federativo e a retomada de um diálogo em um momento complexo vivido pelo Brasil.
“Os impactos de uma eleição acirrada para a presidência tiveram seus desdobramentos, infelizmente com alguns radicalismos que não precisavam ter acontecido e isso gerou um desconforto geral entre a classe política e o povo brasileiro. Acredito que isso seja página virada e possamos retomar a agenda de desenvolvimento do Brasil, que beneficie Roraima”, destacou Denarium.
Agenda de aproximação
Foi bastante destacada pelos representantes dos consócios a retomada de uma agenda de aproximação do governo federal com os governos estaduais o que representa uma possibilidade inequívoca para que os estados possam ser mais ouvidos sem suas demandas.
Ainda durante a reunião com os governadores, se ouvia pelos bastidores a necessidade de pedir ao governo federal uma alternativa de recomposição das perdas em função das ações do governo federal no segundo semestre de 2022.
O assunto é considerado polêmico porque pode representar uma retomada na majoração dos preços e um tensionamento ainda maior entre a população e a classe política.
Denarium destacou que tudo tem que se pensado com muita responsabilidade, sem que haja nenhum tipo de precipitação e que a população não seja a grande perdedora nessa discussão.
“Sabemos das perdas sofridas por todos os estados da federação, mas quero que a solução se dê por quem tem condições de realinhar as perdas e não simplesmente jogar essa conta para o povo brasileiro”, enfatizou o governador.
Yanomami
Em Brasília um dos temas mais ouvidos nos corredores é a questão dos Yanomami, mas uma narrativa passou a ganhar força, a de que esse problema já perdura por mais de 30 anos e só veio à tona nessa virada de ano.
Os conteúdos repercutidos pelos grandes veículos de comunicação datam desde 1990 e se estendem até hoje, portanto sendo um assunto recorrente, sem ação efetiva dos responsáveis pela tutela indígena, que no caso é o governo federal.
O governador de Roraima que cumpri uma agenda extensa em Brasilia, foi abordado por vários veículos nacionais sobre a problemática indígena, defendendo uma atuação mais efetiva do governo federal.
“O estado de Roraima nunca foi acionado pelo governo federal, especificamente sobre questões voltadas ao povo Yanomami, destacando que sempre fez a parte do estado, quando da chegada dos indígenas aos aparelhos públicos estaduais como saúde, segurança, educação e social.
Garimpo
Sobre o garimpo em terras indígenas, Denarium falou sobre as fake news que estão sendo divulgadas de que ele seria favorável ao garimpo em terras indígenas.
“Não posso admitir que se propague uma informação mentirosa de que eu fosse a favor de garimpos em terras indígenas. Sou um governador afeito ao respeito e cumprimento das leis e como chefe máximo de um estado tenho que defender a legalidade”.
Em relação ao problema de décadas dos Yanomami, Denarium disse que não se pode ficar só no discurso.
“Precisamos nos mexer, porém o comando é do governo federal, já que a tutela dos povos indígenas é dele. O governo de Roraima está pronto a se juntar a força tarefa e espera que as medidas sejam tomadas de forma definitiva e não apenas no calor da problemática e das discussões. Precisamos que os nossos indígenas tenham também acesso a melhoria de vida, mesmo sabendo da necessidade de garantir sua cultura e seus hábitos. O índio é um ser humano igual a todos nós, mas por anos vem sendo roubado a sua dignidade e a sua esperança. Roraima merece respeito como sua gente também”, desabafou o governador.
A agenda do governador nesta sexta-feira se estenderá com o presidente até umas 16 horas, quando participará de uma audiência com o ministro da Justiça, Flavio Dino para tratar de ações e convênios existentes entre o estado e o governo federal, bem como alinhar as ações que estão sendo implementadas pelo governo federal e que contará com o apoio incondicional do governo de Roraima.