PARA ABASTECER RORAIMA

Deputado de RR pede urgência para aprovar projeto que barra compra de energia da Venezuela

Compra será feita por empresa dos irmãos Batista por valores dez vezes maiores que os cobrados entre 2001 e 2019

O deputado federal Nicoletti em sessão na Câmara (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados)
O deputado federal Nicoletti em sessão na Câmara (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados)

O deputado federal Nicoletti (União Brasil-RR) protocolou, na Câmara dos Deputados, um requerimento de urgência que permite acelerar a análise do projeto de sua autoria que pretende impedir o governo federal a importar energia da Venezuela para abastecer Roraima a partir de janeiro de 2024. A compra será feita pela empresa dos irmãos Batista por valores dez vezes maiores que os cobrados para manter o Linhão de Guri entre 2001 e 2019.

O parlamentar defende que a aprovação do projeto é essencial para evitar custos elevados e riscos associados à má qualidade da energia venezuelana. “Não podemos permitir a aquisição de energia oriunda de uma usina como a de Guri, que oferece um serviço precário, com custo altíssimo, apenas para apoiar a ditadura comunista de Maduro. Isso é um desrespeito com a sociedade brasileira”, diz.

Segundo Nicoletti, o Linhão de Tucuruí, que promete acabar com o isolamento elétrico de Roraima e está previsto para ser entregue até 2025, é a única medida viável para promover independência e segurança energética ao Estado. “Só assim estaremos livres dos riscos de apagões e dos custos elevados com energias oriundas de ditaduras ou de fontes poluentes”, afirmou.

O deputado federal também apresentou um Projeto de Lei que condiciona a compra de energia de outros países a autorização do Congresso Nacional. Segundo o parlamentar, a ideia é impedir “a utilização política e ideológica da importação de energia para beneficiar ditaduras e países alinhados”.

Único Estado não ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), Roraima é abastecido exclusivamente por usinas termelétricas desde 2019. Na época, o Governo Bolsonaro descontinuou o fornecimento elétrico da Venezuela após o País vizinho registrar grande sequência de apagões (83 em 2018 e 14 no início de 2019) e em meio ao choque diplomático com a ditadura de Nicolás Maduro.

O problema se atenuou nos anos seguintes com a chegada de novas usinas termelétricas a Roraima, enquanto não se concretizava a construção do Linhão de Tucuruí – autorizada desde outubro de 2022 -, que promete acabar com o isolamento elétrico do Estado. As obras devem terminar até setembro de 2025.

O Governo Lula, que restabeleceu as relações entre Brasil e Venezuela, quer retomar o fornecimento venezuelano como forma do País vizinho pagar o calote que tem com o governo brasileiro, pelo menos até que as obras das linhas de transmissão terminem.