Política

Deputados analisam ato que deu poderes à delegada geral da PC

A Comissão de Segurança solicitou um parecer jurídico da Casa sobre a legalidade do ato governamental

Os deputados estaduais que compõem a Comissão de Administração, Segurança e Serviços Públicos da Assembleia formalizaram, hoje (24) pela manhã, a abertura de procedimento que vai analisar o ato governamental que concedeu poderes de ordenador de despesas à delegada geral da Polícia Civil de Roraima, Haideé Magalhães.

O documento de abertura do processo foi encaminhado à Consultoria Jurídica da Casa, que deverá emitir um parecer sobre a legalidade do decreto publicado pelo Poder Executivo, conferindo à delegada poderes de ordenador de despesas da Polícia Civil.

Os deputados encaminharam ao Jurídico também a ata da reunião da Comissão, realizada no início do mês de junho, onde a própria delegada admitiu exercer tais atribuições, mesmo tendo ciência da legislação, aprovada em 2014, que retornou a função de ordenador de despesas ao secretário estadual de Segurança Pública.

O parecer jurídico deve ser concluído em cinco dias, entregue ao relator da Comissão, deputado Coronel Chagas, e uma nova reunião será agendada.

Para o presidente da Comissão, deputado Jorge Everton (PMDB), “há claramente o descumprimento da legislação vigente”, e a Assembleia, como órgão fiscalizador, deve tomar medidas contra as irregularidades.

“A comissão entende que a governadora praticou atos ilegais ao editar um decreto transferindo a gestão de despesas para a delegada geral. Nós estamos abrindo um processo, vamos solicitar um parecer da Assessoria Jurídica referente à prática de crimes por parte da delegada geral e pela governadora. Em seguida, a Comissão vai deliberar sobre as providências que serão tomadas, porque a nosso ver é um ato ilegal e contraria a Constituição”, explicou.

A mesma opinião foi compartilhada pelos deputados Coronel Chagas (PRTB), que classificou o ato de “contrassenso” e Lenir Rodrigues (PPS), que denominou de “afronta ao Poder Legislativo”.

No entanto, de acordo com o deputado da base governista Soldado Sampaio (PC do B), o Executivo possui justificativas que devem ser ouvidas antes de qualquer conclusão por parte do Legislativo. Ele salientou que foi a favor da mudança na legislação, porém secretários de Estado devem ser ouvidos para embasar o relatório da Comissão.

O CASO
Em novembro de 2014, o Legislativo aprovou emenda constitucional que devolveu a subordinação da Polícia Civil à Secretaria de Estado da Segurança Pública, retirando assim a autonomia de gerir, dentre outras questões, as despesas da pasta.

Entretanto, no início de junho de 2015, a delegada geral esteve em reunião na Assembleia e assumiu que devido a um decreto governamental, continuava exercendo as atribuições de ordenação de despesas.

O decreto foi publicado em 02 de junho com efeitos a partir de 02 de janeiro, e concedeu à delegada “competência para atos de gestão”. No mesmo documento, o Executivo salienta que a Lei 998, de janeiro de 2015, “instituiu a Polícia Civil de Roraima como unidade orçamentária no exercício do ano de 2015, até dia 31 de dezembro de 2015”.

Fonte: Secom/ALE