Política

Deputados buscam solução para conflito entre índios e agricultores do Sul do Estado

Para mediar um conflito entre agricultores e índios da etnia Waimiri-Atroari, que iniciou no dia 1º de outubro na Vila do Equador, região que faz parte do Município de Rorainópolis, a 280 km de Boa Vista, no Sul do Estado, deputados que fazem parte da Comissão de Agricultura Pecuária e Política Rural da Assembleia Legislativa de Roraima estiveram no local nesta quarta-feira, dia 2.

Durante a visita os deputados Zé Galeto (PRP), que preside a comissão, e Gabriel Picanço (PRB), conheceram algumas propriedades rurais e ouviram as reivindicações de índios e agricultores. Os indígenas estão acampados em uma das fazendas, alegando que as terras, mesmo não fazendo parte da reserva indígena Waimiri-Atroari, pertencem aos índios Pirititi, etnia recém-descoberta pela Funai (Fundação Nacional do Índio), em 2012. No local, indígenas liderados pelo indigenista e coordenador ambiental da Funai do Maranhão, José Pedro dos Santos, estão instalando uma base e impedindo a entrada de não índios.

Segundo Pedro, durante o voo sobre a terra indígena Waimiri-Atroari, foi encontrada uma nova etnia que vive na divisa da reserva, com aproximadamente 40 índios primitivos, que não têm condições de sobreviver sem preservação dos arredores da área em que vivem. “Nossa intenção é proteger esse novo grupo, que está com a sobrevivência ameaçada. Decidimos montar um acampamento que deve funcionar como fiscalização ambiental, sem criar atrito. A vida dessa nova etnia depende das nossas atitudes agora. Estamos aqui, mas os órgãos federais estão cientes da nossa causa. Vamos lutar até o fim, mesmo que possivelmente a nossa área pretendida atinja algumas fazendas da região”, afirmou o coordenador.

Desde 2008, o agricultor Marcos Antonio Carpanini é dono de um sítio, que fica bem ao lado da base feita pelos índios. Segundo ele, com a chegada do grupo indígena, não conseguiu colher a plantação de pimenta do próprio sítio. “Minha propriedade é toda documentada, eu trabalho duro, investi dinheiro, tenho plantações e agora os índios chegaram por aqui querendo tomar, alegando que são donos. É doído, eu vivo desse sítio.

Estamos pedindo socorro, alguém precisa olhar por nós. Nossas terras não fazem parte das terras indígenas. Só queremos o que é nosso de fato e de direito. Queremos plantar e colher. Não podemos deixar que aconteça o que ocorreu na Raposa Serra do Sol”, comentou.

Vinícius Barreto é dono de uma  área de 1.400 hectares. Ele explicou que o grupo requer uma área que tem aproximadamente 43 mil hectares, caso a demarcação ocorra, são mais de 100 famílias que serão obrigadas a deixar os lotes. “Eles chegaram aqui de carro, pela BR, se apropriaram de uma fazenda e dizem que só se retiram quando a situação for resolvida. Essa área que eles querem, o Governo do Estado juntamente com o Federal nos deu a posse para trabalhar e implantar fazenda. Agora que está tudo pronto, arrumado, com investimentos, os índios querem. Precisamos que nossas autoridades olhem por nós. Os deputados acompanharam de perto nossa situação  e esperamos alguma solução”, disse Barreto.

O presidente da Comissão, deputado Gabriel Picanço, disse que a visita foi importante para saber realmente de fato o que está acontecendo no local. “Acredito que seja direito dos índios lutar por seus direitos, mas essa área tem famílias que possuem propriedades documentadas, que vivem aqui há quase 10 anos. Então, é uma situação delicada para ser analisada. Vamos levar a problemática à presidência da Casa Legislativa, para que sejam convocados os órgãos de controle Federal para que a gente possa resolver essa situação”.

O deputado Zé Galeto, contou que o trabalho da Comissão é ouvir as envolvidos para tentar encontrar uma solução. “Temos que analisar os dois lados. São famílias que vivem das terras e não podem perder seu local de moradia. É preciso um estudo maior para que não seja prejudicado nenhum lado”, relatou.