Os deputados da Comissão de Viação, Transportes e Obras da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) viajaram pelos 218 quilômetros da rodovia federal BR-174, de Boa Vista e a Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela, para verificar de perto o transtorno causado pelas obras de recuperação no trecho.
Durante a vistoria, o caminhoneiro Tiago Almeida Gomes, que há quatro anos transporta mercadorias pela via, falou do desafio de passar pelo sentido Norte. “Aqui é preciso muita cautela, pois é difícil de dirigir e o caminhão sofre muito”, disse. “Nós quebramos o carro toda hora. Antes, fazia o percurso em 2h30. Agora, são 3h30”, emendou o taxista intermunicipal Mario Silva.
Conforme apuração da ALE-RR, em 2018, governo estadual e DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) assinaram convênio de R$ 141 milhões para revitalizar 125 quilômetros do trecho que compreende a ponte sobre o rio Cauamé até a entrada da Pedra Pintada, mas quase cinco anos depois, apenas 45 quilômetros foram concluídos, com custo de R$ 47 milhões.
O diretor de Infraestrutura Terrestre da Seinf (Secretaria Estadual de Infraestrutura), Raimundo Maia, explicou que a obra foi abandonada e a empresa rescindiu o contrato, o que resultou em serviços emergenciais por parte do governo estadual. “A empresa que tinha ganho a licitação e fazia a obra foi multada e já passou pelo processo de rescisão do contrato. Estamos em contato junto ao Dnit, atualizando preços, para contratar uma nova empresa”, disse.
O pior trecho, conforme constatação dos parlamentares, é o que fica na região das Serras, em Pacaraima. Lá, não há mais pavimentação asfáltica e os motoristas se arriscam em meio a precipícios (verticais e horizontais) à beira da rodovia.
Na região, as obras de recuperação na região das serras, sob a tutela do DNIT, estão paradas a pedido do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), devido à destruição de pinturas rupestres de um sítio arqueológico situado na localidade.
No final da semana passada, os parlamentares percorreram o trecho Sul, de mais de 750 quilômetros, até Manaus, para constatar e relatar a atual situação precária da única via que liga Roraima ao restante do Brasil. As reclamações foram feitas à classe política amazonense.
A Comissão do Laboratório de Engenharia do MPC-RR (Ministério Público de Contas), coordenada pelo engenheiro Sidney Minholi, também esteve nos dois trajetos para avaliar o número de buracos, a sinalização horizontal e vertical e a falta de limpeza nas imediações.
“Fizemos um relatório técnico visual, para saber se a obra está sendo executada ou não. Vamos apresentá-lo na Assembleia Legislativa. Pois, esses contratos geralmente têm valores maiores e precisam ser analisados. Até porque, se você faz uma obra e não faz a manutenção, o prejuízo é muito maior depois”, apontou.
Por sua vez, o presidente do colegiado, Renato Silva (Pros), prometeu entregar na segunda-feira (20), às autoridades federais, um relatório da inspeção dos parlamentares. “O MPC está junto nessa jornada. Eles vão fazer um relatório técnico, assim como a comissão”, disse.
Também integraram a comitiva da comissão os deputados Neto Loureiro (PMB), Catarina Guerra (União Brasil) e Angela Águida Portella (Progressistas).