Os deputados debatiam as informações extraoficiais de que o delegado envolvido na ocorrência que resultou na morte do PRF, Paulo Henrique Tomaz Moreira, estaria sendo mantido em um cargo de chefia de Departamento de Polícia Civil a pedido de parlamentares roraimenses.
Diante dos fatos, o deputado Nilton de Sindpol (PATRI) se manifestou contra a nomeação de um investigado da Justiça e ressaltou que a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF) demorou para tomar uma atitude. “Eles já deveriam ter se mobilizado bem antes dessa nomeação, mas a Federação tem legitimidade para defender os seus e os interesses da categoria que representa. Para mim, não deveria haver uma nomeação para um cargo de tanta relevância dentro da estrutura da Polícia Judiciária, já que o servidor está diretamente envolvido numa situação que ainda não está concluída, por não ter uma resposta do judiciário e existir um inquérito”, explicou.
O parlamentar acrescentou que a contestação dos PRFs é legítima. “Então cabe ao governo do Estado ter atenção nesses casos de relevância para não cometer esse tipo de gafe, porque o governo atual está sendo pior que seus antecessores justamente por estar cometendo erros mais graves dos que os que antecederam. A gente lamenta. É triste ver um governo que não caminha, se arrasta a cada dia e o Estado cada dia pior”, destacou.
A reportagem da Folha também ouviu o líder do governo na Assembleia, o deputado Soldado Sampaio (PC do B), que deu um panorama da atual situação do processo. “Há um inquérito em segredo de Justiça apurando esse caso, inclusive tramitando. Estão sendo tomadas todas as providências no âmbito judicial. Também há um procedimento administrativo, um PAD [Processo Administrativo Disciplinar] na Corregedoria da Polícia Civil, apurando esse fato. Todas as medidas relacionadas ao caso estão sendo tomadas, seja judicial ou administrativa, isso é fato”, relatou.
Sampaio rebaixou o cargo ocupado pelo delegado, afirmando não ser importante no contexto da administração pública estadual. “A outra questão é a nomeação desse delegado a um cargo de chefia. Isso chegou ao conhecimento do governador. É um cargo de terceiro ou quarto escalão, não é um cargo de primeiro escalão, como os de indicação exclusiva do governador. Também não é um cargo de segundo escalão. O governador já está tomando as medidas cabíveis. Ele está ouvindo o delegado geral e vai ouvir toda a sua equipe para adotar um procedimento. O próprio governador manifestou estar incomodado com essa situação e vai tomar as providências no devido momento”, complementou.
Por fim, o líder do governo na casa enfatizou que é preciso esclarecer à sociedade que as providências, tanto na Justiça quanto na área administrativa, estão sendo tomadas, mas, enquanto isso, não poderia afirmar que alguém é culpado ou inocente. (J.B)
No governo e na polícia, ninguém se pronuncia sobre o assunto
A reportagem da Folha também entrou em contato com o delegado Paulo Henrique Tomaz Moreira, mas ele disse que não quer se manifestar sobre a nota de repúdio da FenaPRF.
Conforme publicação do Diário Oficial do Estado (DOE) do dia 13 de junho deste ano, o delegado havia sido exonerado do cargo de diretor de Departamento de Polícia Civil, mas, sem explicação, o decreto foi tornado sem efeito no dia 25 daquele mesmo mês, de modo que foi reintegrado ao cargo.
Uma fonte da Folha que preferiu não se identificar, temendo represálias, confirmou que alguns parlamentares estariam sendo responsáveis pelo pedido de retorno do delegado ao cargo. “Para não se indispor com os políticos, o governo aceitou a solicitação, mas houve resistência dentro da própria instituição policial. Porque na Polícia Civil, para assumir cargo importante, tem que ter, no mínimo, conduta e reputação ilibadas”, frisou.
POLÍCIA CIVIL – A Polícia Civil informou que não vai se manifestar sobre as denúncias. Tentamos contato com o delegado geral Herbert Amorim, por meio de telefonemas, mas não obtivemos êxito.
GOVERNO – A Folha também pediu resposta à administração estadual sobre o caso, mas até o fechamento desta matéria não houve qualquer manifestação.
TJRR – O Tribunal de Justiça de Roraima reforçou que não vai se pronunciar sobre o caso, uma vez que o processo corre em segredo de Justiça. (J.B)