Política

Deputados se posicionam contra cancelamento de concursos

Reportagem da Folha buscou ouvir deputados estaduais sobre cancelamento dos quatro concursos públicos que seriam realizados pelo governo de Roraima este ano

A decisão do governador Antônio Denarium (PSL) de cancelar os concursos públicos em andamento foi repercutida pelos deputados estaduais. A reportagem da Folha ouviu os parlamentares que, em sua maioria, se mostraram contrários à decisão e prometeram ajudar os candidatos no diálogo com o governo. Confira o que cada um deles pensa sobre o cancelamento dos concursos.

Xingu (PSB) – “O governo do Estado deveria prorrogar o concurso e não cancelar, como foi a proposta inicial. Ele está fazendo uma reforma administrativa que vai se adequar ao orçamento e colocaria os concursos dentro dessa reforma. Seria uma discussão mais ampla com mais tempo, quando tudo estaria mais ou menos amenizado e em que não haja vencidos nem vencedores e todos possam ganhar”.

Ione Pedroso (SD) – “Precisamos dialogar em busca de alternativas para garantir a continuidade dos certames. A crise financeira é uma realidade, mas os serviços públicos, principalmente a segurança da nossa população, não podem ser penalizados”.

Brito Bezerra (PP) – “É lamentável que o governador tenha cancelado os concursos acabando com a expectativa desses jovens que estão estudando na esperança de entrar no serviço público pela porta da frente. O mais grave é o caso daqueles que já estão no serviço público, praticamente em últimas fases ou esperando convocação, ver também que a esperança morreu. Vamos lutar para que o governo do Estado reveja esse cancelamento. Enxugue a folha, enxugue os contratos, mas que os concursos não sejam sacrificados”.

Catarina Guerra (SD) – “Eu vejo com muita tristeza o cancelamento, pois sei do sonho, do sacrifício e dos investimentos que os concurseiros realizam na busca por um cargo e pela estabilidade. Todos nós estamos cientes da crise financeira, mas também sabemos que a decisão pode ter sido extremada e de forma precipitada, embora não de toda equivocada. Entretanto, me vejo na responsabilidade e no compromisso de estudar a fundo os motivos do governo, principalmente no tocante aos limites de gasto com pessoal e a adequação às leis de responsabilidade fiscal e LDO. Não podemos esquecer que nem sequer temos um orçamento aprovado para o exercício de 2019”.

Soldado Sampaio (PC do B) – “Sou contra o cancelamento dos concursos. Integro a Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Pública e dos Servidores, e a crise financeira do Estado não pode prejudicar milhares de jovens e adultos que nos últimos anos se dedicaram exclusivamente para realizar o sonho de ingressar no serviço público, fazendo investimentos de dinheiro, de tempo e de expectativa emocional. Os concursos para a Polícia Militar de Roraima e para a Polícia Civil são uma necessidade emergencial. Vou propor ao governador que reveja a decisão anunciada e mantenha o cronograma dos concursos, deixando para convocar os aprovados assim que a crise financeiro-orçamentária seja resolvida, pois tudo na vida passa”.

Gabriel Picanço (PRB) – “Eu tomei conhecimento dessa decisão do governador pela mídia e pelas redes sociais e jornais e ainda não teve nenhuma convocação dele para conversar com a gente sobre o assunto. Vou aguardar essa conversa para a gente tomar uma posição. Não posso dar uma opinião favorável nem desfavorável, pois não sei quais as razões do governador. Vamos sim conversar com ele e ver a melhor solução para a questão”.

Nilton do Sindpol (Patriota) – “O que eu penso é que a suspensão dos concursos até que o Estado esteja em condição financeira de contratar as pessoas é uma medida que deveria ter sido tomada lá na intervenção federal para que todas as pessoas que estão estudando e sonhando com o cargo público soubessem da situação da saúde financeira do Estado para que elas não continuassem, pois tem a questão do investimento contínuo, quem vem de outros Estados, que não são poucas pessoas, tem passagem aérea, locomoção etc., além do material didático e o tempo. Eu lamento bastante esse cancelamento e na realidade para mim deveria ser suspensão até que a saúde financeira do Estado estivesse em condições para realizar o concurso”.

Renato Silva (PRB) – “Enviei ofício para o governador com apoio dos deputados Jeferson Alves, Neto Loureiro e Renan filho pedindo a ‘conversão’ do cancelamento do concurso público em suspensão. Também vou ingressar com uma ação judicial preventiva que garanta o direito dos concursados porque ainda não foi publicado o ato de cancelamento. Estou fazendo o possível para resolver essa situação e peço para a população continuar a manifestação, porque isso vai contar muito como forma de pressionar o governo e conseguir reverter essa situação”.

Jeferson Alves (PTB) – “Sou contra o cancelamento dos concursos públicos de Roraima e já me coloquei à disposição dos concurseiros para intermediar junto ao governo do Estado para que a gente possa reverter essa decisão absurda. São milhares de pessoas que sonham em atingir a estabilidade financeira por meio de uma vaga em um concurso público e não vamos admitir essa forma desrespeitosa com que o governador está tratando a questão. Devia adiar os certames e essa seria a solução mais acertada”.

Tayla Peres (PRTB) – “Apesar das dificuldades econômicas pelas quais passa o Poder Executivo, eu acredito que poderia ter sido estudada uma alternativa de manutenção dos concursos, principalmente os já realizados e homologados, de uma forma que não frustrasse as expectativas de quem tanto se dedicou ao estudo para alcançar o seu objetivo de ser aprovado. Tem pessoas que vieram morar aqui na cidade de Boa Vista para fazer esse concurso. Poderia ter sido feita uma alteração no cronograma de convocação dos aprovados, dando tempo para o Executivo ajustar as contas públicas”.

Evangelista Siqueira (PT) – “É lamentável essa posição do governo de Roraima de cancelar todos os concursos que estavam em fase de execução e de planejamento. Mesmo diante das dificuldades financeiras pelas quais passa nosso Estado, essa alternativa não se justifica e deveria se ter buscado outra solução. Essa notícia caiu como uma bomba na vida de milhares de pessoas que perderam noites de sono, dias de estudo, e agora são surpreendidas com uma notícia dessas. No âmbito legislativo, vamos lutar de todas as maneiras para que essa situação seja revista. O concurso público é um direito do cidadão e nenhum direito a menos”.

Eder Lourinho (PTC) – “Lamento profundamente a situação financeira por que passa o Estado de Roraima, fato que obriga o Executivo a adotar medidas drásticas, tais como o cancelamento dos concursos públicos já realizados e outros a serem realizados, penalizando milhares de famílias e pessoas que fizeram investimentos e sonham com um emprego público. Penaliza também o Estado e toda a sua população. Neste momento de aflição, me solidarizo a todos que foram atingidos por esta medida e continuo torcendo para que em curto prazo esta situação possa ser revertida”.

Coronel Chagas (PRTB) – “Sou contrário ao cancelamento dos concursos da área de segurança pública, pois a PM [Polícia Militar] e a PC [Polícia Civil] estão com seus efetivos defasados. A Sejuc [Secretaria de Justiça] precisa aumentar o efetivo de agentes penitenciários e a demanda por segurança pública aumenta diariamente. Entendo e conheço a situação financeira do Estado e que precisamos reduzir despesas, porém existem alternativas para isso. A segurança é prioridade para a sociedade roraimense. Integro a Frente Parlamentar em Defesa da Segurança Pública e dos Servidores que também é contra o cancelamento dos concursos”.

Jorge Everton (MDB) – “Não concordo com o cancelamento dos concursos públicos em andamento. Mesmo sabendo da grave crise financeira pela qual passa o Estado de Roraima, entendemos que é necessário buscar outros mecanismos para a superação da crise e que não será o cancelamento dos concursos que irá resolver o problema. Pretendemos nos reunir com o governo do Estado para que reavalie a decisão e não haja o cancelamento dos concursos e sim a prorrogação do prazo de convocação dos aprovados até que a situação orçamentária seja resolvida”.

Odilon (Patriota) – “Acho que o governo fez todo esse trabalho, fez o concurso, as pessoas estudaram, pagaram as suas taxas e estão na expectativa de serem chamadas. O governo não está obrigado a executar o concurso e chamar de imediato, ele vai de acordo com as possibilidades financeiras do Estado e com a sua necessidade de pessoal. Então, eu não vejo essa necessidade de cancelar o concurso e acho que o governo tem outros meios para resolver. Pode ir chamando de acordo com a necessidade e com a situação financeira do Estado. Meu posicionamento é de não cancelar o concurso”.

NÃO RESPONDERAM

Os deputados Chico Mozart (PRP), Aurelina Medeiros (PODE), Dhiego Coelho (PTC), Renan Filho (PRB), Marcelo Cabral (MDB), Lenir Rodrigues (PPS), Betânia Medeiros (PV) e Neto Loureiro (PMB) foram procurados pela reportagem da Folha, mas até o fechamento desta edição não haviam respondido.

O presidente da Assembleia Legislativa, Jalser Renier (SD), informou por meio de sua assessoria que, nesta terça-feira, 5, deve se posicionar sobre o tema após se reunir com os candidatos dos concursos cancelados.