A decisão interlocutória proferida no mês passado pelo Tribunal de Contas do Estado de Roraima (TCE-RR) em relação às denúncias de nepotismo praticado pela chefe do Poder Executivo Estadual, Suely Campos (PP), entrou em fase de execução. Agora, o Governo do Estado deve adotar uma “postura proativa” para cumprir a decisão em sua íntegra, de forma espontânea, sob pena de processo de improbidade administrativa e devolução das despesas.
De acordo com o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Henrique Machado, o relator Marcus Hollanda solicitou mais informações do Governo do Estado para poder fazer uma análise caso a caso e saber se a decisão já está sendo cumprida. “A decisão interlocutória de março não identificou nomes, mas determinou diretrizes que deveriam ser seguidas – o que era errado e o que era certo. Então, agora o relator solicitou informações acessórias para identificar as pessoas que devem ser exoneradas”, explicou.
Henrique Machado lembrou que cabe ao administrador, no caso o Governo do Estado, fazer a investigação interna e exonerar os servidores comissionados que têm grau de parentesco com a governadora e secretários. Quanto às nomeações do primeiro escalão, que são cargos políticos, o Tribunal de Contas entende que estão certas, porém o número deve seguir o critério da moralidade, conforme a Constituição Federal.
Segundo o relator, conselheiro Marcus Hollanda, a verificação, durante a execução, de casos que se enquadrem como descumprimento à decisão do TCE, será enquadrada como dano ao erário, quantificado pelo valor pago aos ocupantes irregulares dos cargos em comissão após a publicação do acórdão, sem prejuízo do envio das informações ao Ministério Público do Estado de Roraima para apuração dos atos de improbidade administrativa, com as respectivas providências judiciais cabíveis.
O relator alertou aos servidores ocupantes dos cargos de forma irregular, ou seja, que possuem parentesco até o terceiro grau com a governadora, com os secretários e demais cargos comissionados, sobre a possibilidade de imputação de ato de improbidade administrativa a si próprios pelo MPRR, “eis que no momento de ingresso no cargo eles preenchem fichas funcionais nas quais confirmam a ausência de parentesco, o que pode ser considerado burla ou fraude aos órgãos fiscalizadores”.
DECISÃO – A maioria dos conselheiros do TCE decidiu que deveriam ser exonerados, imediatamente, todos os servidores de natureza administrativa, nestes incluídos os secretários adjuntos, que possuam parentesco até o terceiro grau com a governadora do Estado, bem como com os seus secretários e/ou ocupantes de mandatos eletivos, que terão a análise de aplicabilidade da Súmula Vinculante número 13, do Supremo Tribunal Federal (STF), realizada em cada caso concreto, a fim de verificar-se a existência de vantagens indevidas ou fraude à lei.
GOVERNO – A Folha entrou em contato com a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado questionando se o Executivo já estava adotando as medidas necessárias para definir os servidores comissionados com grau de parentesco em até terceiro grau com a governadora, secretários estaduais e demais cargos comissionados, assim como a quantidade de exoneração. Porém, não obteve retorno até o fechamento desta matéria, às 19h30. (V.V)
Política
Descumprimento de decisão do TCE será enquadrado como dano ao erário
Governadora deve demitir parentes que ocupam cargos comissionados sob pena de processo de improbidade administrativa e devolução de recursos