Jair Bolsonaro usou as redes sociais para criticar a visita do presidente francês Emmanuel Macron à Amazônia brasileira, guiada pelo homólogo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No mesmo texto, o ex-presidente ainda considerou que o Brasil demarcar a Terra Indígena Yanomami foi um “crime”.
Ele iniciou as críticas ao dizer que, geralmente, um encontro entre chefes de Estado termina em assinatura de acordos. E em uma crítica implícita a Lula, Bolsonaro disse que, a depender do caráter do chefe de Estado, alguns desses compromissos “são apenas verbais”.
“Em 1992 depois de um encontro desses, trocou-se o ministro da Justiça, e uma portaria foi assinada, iniciando-se a demarcação da extensa área Yanomami (equivalente ao estado de Pernambuco ou o dobro da Suíça), para aproximadamente 9 mil indígenas. Uma insensatez para não dizer um crime de lesa pátria”, criticou.
Jair Bolsonaro prossegue dizendo que a medida abriu portas para uma “verdadeira indústria de demarcação de terras indígenas”, citando ainda o caso da Raposa Serra do Sol, em Roraima. em 2005. Ele finalizou a postagem ao elogiar o deputado federal Filipe Barros (PL-PR) em cobrar do Governo Lula informações sobre a “verdadeira causa da visita” do presidente francês ao Brasil.
O Governo Bolsonaro foi duramente criticado por opositores por supostas omissões com a população yanomami e por incentivar o garimpo ilegal na região. Durante a gestão, 538 indígenas yanomami com menos de cinco anos morreram – 495 por motivos evitáveis -, como resultado do avanço da mineração ilegal.
O último boletim do Ministério da Saúde sobre a crise yanomami revelou preliminarmente que, em 2023, o território indígena testemunhou, em geral, a morte de 363 pessoas de seu povo. O documento não explica as causas. O Governo Lula esclareceu que há subnotificação desses dados em 2022 e 2023, e alegou que a falta de estatísticas precisas é causada pela “precarização da estrutura dos serviços e sistemas de saúde indígena dos últimos anos”.
O território yanomami é o maior e o mais populoso do Brasil, com 27.152 habitantes em área de 9,6 milhões de hectares. A região fica entre os Estados de Roraima e Amazonas.