Em sua visita a Roraima, o religioso e político Padre Kelmon previu a criação de projetos sociais para a população venezuelana e a ampliação da igreja ortodoxa no Estado. Ele está em Boa Vista desde a última quinta-feira (15) a convite do ex-deputado Joaquim Ruiz e de um empresário.
Em entrevista à Folha, o padre, que foi candidato à presidência do Brasil nas eleições de 2022, explicou que a visita foi motivada após a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o País venezuelano ser “vítima de uma narrativa antidemocrática e autoritarismo”. Ele teria manifestado interesse em vir conhecer a realidade da migração e recebeu suporte de apoiadores roraimenses que o trouxeram.
“Estou aqui para confirmar que existe, de fato, um problema humanitário gerado pelo comunismo e socialismo venezuelano. E para que as pessoas no Brasil saibam que são mentiras, quando dizem que são narrativas o que acontece na Venezuela e aqui. Eu convido a qualquer brasileiro que tenha dinheiro, e condição de fazer isso, venha fazer uma viagem e comprovar com seus olhos como eu acabei de fazer”, disse Padre Kelmon.
Durante dois dias e meio em que esteve no Estado, foi à Santa Elena de Uairén (VEN), em Pacaraima e também na rodoviária internacional de Boa Vista. “É muito desumano o que eu vi. Crianças chegando em Pacaraima com sua mãe, com seu pai, apenas com uma mala, chorando com fome, sem sonhos. Tiraram tudo deles”, afirmou.
Coincidentemente, ele viu a manifestação de empresários no Centro Cívico contra o embargo da Venezuela a carnes e frios brasileiros e esteve presente. No entanto, o que mais chamou atenção do padre foi a quantidade de mulheres venezuelanas grávidas e puérperas nas ruas.
“Eu estive ontem à noite lá [na rodoviária] e me surpreendi com o que vi. Dezenas de mulheres grávidas, outras com os filhos de quinze dias, de um mês, dois meses nos braços. Não tem onde tomar banho, não tem onde dormir, não tem privacidade nenhuma. Uma estava com um filho de 20 dias nos braços e me disse que estava com pontos por causa da cesárea”.
Projetos sociais
Padre Kelmon informou que essa não será a única visita a Roraima. O religioso pretende retornar em, no máximo, um mês para dar início a projetos e ações socioassistenciais aos migrantes, principalmente às mulheres grávidas e puérperas, independentemente da nacionalidade ou renda.
“Fazer uma ação com eles é fácil, mas não resolve o problema. Eu vou voltar. Aqui ficarão Joaquim [Ruiz, ex-deputado], Tomé [empresário que lhe acolheu] e os que estão nos apoiando nessa empreitada. E nós vamos realizar alguns projetos sociais concretos para tirar essas grávidas das ruas, oferecer cama, banheiro, médico ginecologista, abrigo, lugar para rezar e descansar, e espaço para gestar seu filho com dignidade. É um futuro brasileiro que vai nascer aqui, independente”, destacou o também político.
Além desse projeto, padre Kelmon tem interesse em montar a primeira faculdade ortodoxa brasileira para dar assistência aos adolescentes e jovens que precisam dar continuidade aos estudos. Também pretende criar o primeiro seminário ortodoxo para formar padres, uma vez que sacerdotes da comunidade estariam vindo para o Estado.
“A igreja ortodoxa está vindo para cá. Eu estou vindo, vou residir por aqui por um tempo para que possamos enraizar todo esse projeto social e espiritual. Depois assumirá padre Lucas, o secretário da igreja, vindo morar e eu retorno para Salvador”.