A fronteira Brasil – Guiana, que liga o município de Bonfim a Lethem, pode ganhar maior atenção e investimentos no ano de 2020. Pelo menos é esta a expectativa de um grupo de empresários roraimenses que trabalham para ampliar a prioridade da região entre autoridades e políticos dos dois países.
A informação foi prestada pelo empresário Remídio Monai, ex-deputado federal e presidente da Câmara de Comércio Brasil/Guiana, em entrevista ao programa Agenda da Semana no último domingo, 29, na Rádio Folha 100.3 FM.
O empresário avaliou a situação atual entre o governo dos dois países e a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PSL), que já anunciou não ter vontade de estreitar laços com comerciantes estrangeiros.
“O Governo Federal disse, em um primeiro momento, que não havia chance. Mas temos conversado com o Ministério de Relações Exteriores para evitar dizer que não há prioridade. A estrada entre os dois países é importante para o Brasil. É diferente de fazer um porto em Cuba ou na Venezuela. Aqui nós estaríamos ligando Roraima ao porto de Georgetown”, defendeu.
Além do trabalho desenvolvido com o Governo Federal, o empresário afirmou que também houve conversas com o governador Antonio Denarium (PSL) para transformar a aliança entre os países em prioridade.
“Conversamos com ele [Denarium], explicamos as necessidades e falamos que Roraima precisa dessa saída para o mar. Conversamos em Brasília a nossa pauta de trabalho, entre elas, de trazer a fibra ótica da Guiana para cá, entre outras necessidades. Então, estamos articulando e pedindo que a classe política e as autoridades também trabalhem esse tema”, declarou.
TRABALHO – Monai explica que durante todo o ano de 2019 vem sendo desenvolvido um trabalho por um grupo de investidores voltado para a evolução financeira de Roraima. Remídio explica que houve um recente aumento de investimento de empresas do exterior na Guiana, o que motivou ainda mais o estabelecimento de um relacionamento positivo entre os dois países.
“No início do ano de 2019, o ministro dos Negócios da Guiana me chamou para retomar investimentos no país. Eu tenho uma empresa que fazia a linha de Lethem para Georgetown, mas paramos há sete anos e fui convocado para retornar os trabalhos. Nesta ocasião, o ministro questionou o motivo de não ter investimentos do Brasil no local e que havia de 40 a 50 empresas americanas se instalando no país quase que semanalmente”, revelou.
A partir daí foi retomada a Câmara Brasil / Guiana com a participação de empresários, técnicos e pessoas interessadas em participar de um outro momento com o país, completou Remídio.
“O Brasil nunca deu muita atenção para a Guiana por ser um país pequeno, um país pobre. O setor do comércio não tem interesse, o Congresso Nacional também não. Mas para Roraima, a Guiana é importante”, ressaltou.
O empresário afirma que em seguida retornou ao país com um grupo de investidores brasileiros com mais de 40 pessoas e outros comerciantes guianenses, onde o principal assunto discutido foi a exploração do petróleo.
“A Guiana não tem mão de obra qualificada. Eles começaram a extração de petróleo desde o dia 29 de novembro, mas ainda estão em fase de teste para estocar e vender. O Governo guianense está em fase de buscar transportador de pessoal para dar suporte à plataforma. Eles estão desesperados atrás de pessoal qualificado, do setor de serviço, segurança, limpeza, pessoas que falam inglês. Então, há essa oportunidade surgindo”, apontou. (P.C.)