Uma semana depois de ser preso em São Paulo, o empresário José Wallace Barbosa da Silva retornou ao Estado escoltado por agentes da Polícia Federal (PF). Ele é investigado pela Operação Zaragata, que investiga fraude de mais de R$ 50 milhões no transporte escolar estadual.
Wallace veio escoltado em um voo comercial e desembarcou sob custódia da Polícia Federal, tendo viajado com dois policiais ao seu lado. Ao chegar ao Estado, o empresário foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) para exame de corpo de delito e em seguida foi conduzido à Cadeia Pública. A informação é de que ele não foi recepcionado por familiares ou amigos. Esta semana, a mulher de Wallace, a deputada Ione Pedroso (SD), conseguiu na Justiça mudança do regime de prisão para recolhimento domiciliar e tomou posse na Assembleia Legislativa do Estado (ALE).
DEMORA – A Folha entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Polícia Federal em Roraima para obter mais informações sobre quais os procedimentos que foram executados ainda em São Paulo após a prisão de Wallace e que causaram a demora do retorno, porém a instituição informou que não vai repassar mais detalhes do caso conforme orientação padrão do órgão com base em instrução normativa.
“Em atenção aos princípios de respeito à dignidade da pessoa humana, da preservação da imagem, vida privada e honra das pessoas, em regra, a Polícia Federal não fornece detalhes específicos sobre ações, condutas, etc. de envolvidos em investigações. É pelo mesmo motivo que, em regra, também não são divulgados os nomes e dados pessoais de investigados”, explicou a PF.
ENTENDA O CASO – Investigado na Operação Zaragata, deflagrada em 14 de dezembro, o empresário José Wallace Barbosa da Silva estava foragido desde o dia 15 daquele mês e foi preso em 9 de janeiro em São Paulo. Ele é suspeito de envolvimento em desvios de recursos públicos e cobrança de propinas nos serviços de transporte escolar do Estado.
A Operação Zaragata foi deflagrada em dezembro e cumpriu dez mandados de prisão preventiva e 12 de busca e apreensão em Boa Vista. Os documentos foram expedidos pela 1ª Vara Federal do Estado de Roraima.
O inquérito apurou supostas irregularidades cometidas pelo governo de Roraima em contratação com recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) por meio de dispensa de licitação emergencial e outras irregularidades, como a cobrança de propinas de empresas responsáveis pelo transporte, falsificação de documentos e fraudes de processos licitatórios entre outras atividades ilícitas.
Em coletiva de imprensa realizada em 14 de dezembro, representantes do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Ministério Público Estadual chegaram a afirmar que os desvios de recursos públicos do transporte escolar tiveram como principal beneficiada a empresa de José Wallace Barbosa da Silva. (P.C.)