O jornalista Alceu Castilho, diretor do portal De Olho Nos Ruralistas, publicou o resultado de uma investigação envolvendo o bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, responsável por fabricar a bomba que foi encontrada no Aeroporto Internacional de Brasília na última semana. A denúncia começou a ser investigada pela Polícia Federal.
Em depoimento à Polícia Civil, Sousa se apresentou como “gerente de posto de gasolina”, mas a apuração publicada por Castilho relaciona o empresário a uma série de empresas de familiares que atuam não apenas no ramo dos combustíveis, mas também de transporte em estados do Arco do Desmatamento, na Amazônia.
Uma dessas empresas está em Roraima. O Super Posto Dimalice, localizado em Alto Alegre (RR), foi aberto 33 anos atrás em 1989, na estrada do Raimundão, para atender os garimpeiros que agiam na região e segundo a receita federal está com a inscrição cnpj em processo de extinção. A empresa tem como sócios Dimas Inacio de Faria e Francisca Alice de Sousa Reis que é sócia do acusado de terrorismo George Washington Sousa em várias outras empresas.
Quem era George Washington Sousa?
George Washington de Oliveira Sousa faz parte de uma extensa rede de postos de combustível pelo estado do Pará e outros estados da Amazônia.
O “empresário do ramo de gás” é dono da empresa G W de O Sousa & CIA Ltda, ou GW Petróleo, que foi aberta em 2005, em Belém. Mas não está mais no nome dele. E sim (com o mesmo CNPJ) no de Paulo Sergio Da Silva Lopes e Sebastião José de Souza. Chama-se agora Petróleos Miramar.
Ele também abriu em Xinguara (PA) a empresa Cavalo de Aço Empório Gourmet e o Posto Cavalo de Aço Ltda que está em nome das irmãs Francisca Alice de Sousa Reis (Dona do Posto em Roraima) e Michelle Tatianne Ribeiro de Sousa.
Francisca Alice também é sócia de Paulo Sérgio em uma transportadora, o mesmo Paulo que virou dono do posto de George. Paulo e Alice são sócios na Transportadora Patriarca Ltda, a Transpal, responsável pelo escoamento do agronegócio e da madeira na Amazônia.
Francisca Alice também é sócia dos postos de combustível Goiabeira, em Aurora do Pará, Super Posto Pioneiro e Auto Posto Tourão, em Tucumã (PA), Posto Vitória, em Ananindeua (PA), Auto Posto Goianésia, em Goianésia do Pará, Posto São Miguel, em São Miguel do Guamá (PA), Posto Gol, em Marabá e Ourilândia do Norte (PA), Auto Posto Pará Sul, em São Félix do Xingu (PA), Super Posto Dois Mil, em Marituba (PA), Auto Posto Parasão, em Redenção (PA), Posto Santa Clara do Rio Araguaia, em Palestina do Pará (PA).
Também é sócio do Super Posto Dimalice, em Alto Alegre (RR), Auto Posto Vila Nova e Posto Bernardo Sayão, em Imperatriz (MA), e Auto Posto Serra do Norte, em Axixá do Tocantins.
Ou seja, o grupo está em Roraima, Amapá, Maranhão, Pará, Tocantins, cinco dos nove estados da Amazônia Legal. E no Arco do Desmatamento.
“É uma rede de triangulações. Em torno das quais se observa a construção de um império — que passa pela logística e pela agropecuária” disse a polícia que está investigando o grupo.
Entenda o Crime
O homem que confessou ter montado um explosivo na Estrada Parque Aeroporto, próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, viajou de Xinguara, no Pará, a Brasília para participar das manifestações em apoio ao presidente Jair Bolsonaro “por acreditar que ele é um patriota e um homem honesto”.
O artefato explosivo foi encontrado à margem da pista de rolamento, no gramado de um canteiro central. À Polícia Civil, ele disse que fabricou a bomba com a dinamite que tinha mais espoleta e detonador entregues no dia 23 por volta de 11h30 por um manifestante desconhecido que estava acampado no QG do Exército.
A bomba poderia ser disparada por um controle remoto a cerca de 50 a 60 metros de distância. George Washington disse que sugeriu que o artefato fosse usado na subestação em vez do aeroporto. Segundo ele, foi pela TV que soube que o “plano original” tinha sido modificado.
De acordo com o delegado, houve a tentativa de acionamento da bomba, mas o artefato não explodiu. Para ele, o empresário queria implantar o “caos”. “Ele faz parte desse movimento de apoio ao atual presidente e estão imbuídos nessa missão, segundo eles ideológica. Isso é um ato que nunca existiu em Brasília. Se esse material adentrasse o aeroporto seria uma tragédia jamais vista. A intenção deles era explodir (a bomba) e causar esse tumulto baseado nessa ideologia”, afirmou o delegado.
O autor da tentativa de atentado saiu do Pará com uma caminhonete Mitsubishi Triton e se instalou em um apartamento alugado no Sudoeste, bairro de Brasília, depois de ter se hospedado por uns dias num hotel.
No local, a polícia apreendeu um arsenal com duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, além de centenas de munições e cinco emulsões explosivas. Ele foi autuado por posse e porte ilegal de armas, munições e explosivos e crime contra o estado democrático de direito.
Esse não é o primeiro ato de violência ocorrido após o presidente não conseguir a reeleição. Há duas semanas, manifestantes queimaram carros, ônibus e depredaram prédios públicos e privados na região central de Brasília, após a prisão do líder indígena João Acácio Serere Xavate. Apesar do farto registro em vídeo dos ataques, até o momento nenhuma pessoa envolvida no quebra-quebra foi detida.