Política

Entidades que representam agentes de segurança ameaçam greve geral

Constantes fugas do sistema prisional e falta de estrutura em delegacias são alguns dos problemas enfrentados

A falta de estrutura em todo o aparato de segurança pública do Estado tem sido motivo de reclamação por parte dos servidores que atuam no sistema. Em entrevista ao programa Agenda da Semana, da Rádio Folha AM 1020, entidades que representam agentes de Segurança Pública no Estado afirmam ter elaborado uma lista de reivindicações e sinalizaram, de forma positiva, um possível indicativo de greve.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol-RR), José Nilton, relatou que uma das principais reivindicações é a falta de estrutura das delegacias em todo o Estado. Segundo ele, a unidade em situação mais precária é a do município de Rorainópolis, no Sul do Estado.

“O local está tomado por fezes de pombo, que caem do forro. Além disso, os colchões disponíveis no alojamento para o descanso dos agentes estão todos mofados. Outro problema é a falta de material. O delegado comprou uma impressora e resmas de papel A4 para que os serviços não parassem de uma vez”, relatou.

Ele destacou que o mesmo acontece nas demais unidades do interior do Estado. “Acredito que em seguida vem a delegacia de Iracema, que está com as paredes infiltradas e falta um local para alojar as pessoas que são detidas na unidade”, lembrou.

Nilton relatou ainda que a Delegacia Geral não atende às demandas levadas pela categoria. “Não sabemos mais a quem recorrer. Nenhuma de nossas solicitações foi atendida. Até mesmo contas, como telefone e internet, são pagas por meio de cotas dos servidores. Esse é outro motivo para que entremos em greve”, disse.

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Roraima (Sindape-RR), Lindomar Sobrinho, afirmou que a falta de estrutura da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, maior unidade prisional do Estado, é motivo de constante revolta entre a categoria. “Fugir daquela unidade prisional é a coisa mais fácil que existe. Basta o detento ter água e uma caneta em mãos para perfurar as paredes”, explicou.

Sobrinho disse ainda que para solucionar o problema seria necessária uma parede com revestimento de placas de ferro. “Ali temos apenas tijolos e cimento. Com uma estrutura de ferro por debaixo das paredes, as fugas seriam mais difíceis”, disse.

O coordenador de comunicação da Associação dos Policiais e Bombeiros Militares do Estado de Roraima (APBM-RR), Carlos Alberto, relatou que a falta de estrutura na Polícia Civil e na Penitenciária Agrícola afeta o trabalho dos militares. “Com um número maior de fugas, temos que redirecionar os nossos homens para recaptura. A falta de estrutura nas delegacias também afeta o nosso serviço”, observou.

Carlos Alberto informou que todas as reivindicações serão apresentadas ao Executivo Estadual. “Caso não tenhamos uma resposta e prazos estabelecidos, não descartamos uma greve geral em toda a estrutura da Segurança Pública”, concluiu.

COLETIVA – Hoje, 21, às 16 horas, os representantes do Sindpol, do Sindape e da APBM concederão entrevista coletiva na sede administrativa do Sindpol para tratar dessas e de outras reivindicações das categorias.

Governo do Estado diz que está aberto ao diálogo

O Governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação Social, informou que está aberto ao diálogo com a categoria “na intenção de unir esforços na busca de soluções para melhorar cada vez mais os serviços prestados à população”.

Informou que vai iniciar, ainda neste semestre, a recuperação de 16 unidades de Polícia Civil e que a delegacia de Rorainópolis está entre as que serão contempladas com o serviço, a fim de oferecer melhor estrutura aos servidores e população em geral. Afirmou também que está em fase de finalização o processo de contratação dos serviços terceirizados de limpeza de todos os prédios sob responsabilidade da Delegacia Geral.

Sobre o material de expediente, a unidade tem que informar, segundo o Governo, a necessidade para que sejam adotadas as medidas por meio da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), uma vez que o almoxarifado atende às unidades do Interior e da Capital, com reposição de papel para impressão, por exemplo. Esclareceu que a Delegacia Geral não foi informada da falta de material na delegacia de Rorainópolis.