Política

Estudo da Funai sobre impacto de linhão é entregue a indígenas

A entrega do material do Linhão de Tucuruí, como é conhecido, foi traduzido para a língua do povo nativo e entregue na última segunda-feira, 4

Estudos sobre o impacto de um linhão de transmissão de energia, projetado pelo governo para conectar Roraima ao sistema interligado do Brasil, foram concluídos e entregues nesta semana a indígenas da etnia Waimiri-Atroari, que devem ter parte de seu território cruzado pelo empreendimento.

A entrega do material do Linhão de Tucuruí, como é conhecido, foi traduzido para a língua do povo nativo e entregue na última segunda-feira, 4. A entrega representa avanço no licenciamento ambiental do empreendimento, cujo chamado “componente indígena” foi atribuído ao órgão indigenista.

Para traduzir os documentos sobre o projeto para o idioma indígena, dois professores foram levados para o território dos Waimiri-Atroari, passando antes por quarentena prévia de 14 dias e testagem para Covid-19.

O próximo passo é a realização de uma reunião final entre os envolvidos. A data e o formato desse encontro ainda não foram definidos, mas seguirá os protocolos criados pelos próprios Waimiri-Atroari e cumprirá todas as medidas de saúde necessárias no âmbito da pandemia do novo coronavírus.

A Funai não estimou quando pode ser concluído o processo de consulta aos índios. Após a conclusão do componente indígena, cabe ao órgão ambiental federal Ibama emitir a licença de instalação, que permitiria o início das obras.

LINHÃO – O linhão teve a concessão licitada pelo governo ainda em 2011 e deverá ser construído pela Eletronorte, da estatal Eletrobras, e pela privada Alupar. Até agora, no entanto, não houve avanço concreto no projeto, o que é atribuído ao complexo processo de licenciamento.

Orçado em cerca de 2,6 bilhões de reais, o linhão de mais de 700 quilômetros de extensão teria cerca de 120 quilômetros de trajeto pelas terras de etnia, que quase foi dizimada durante o período da ditadura militar no Brasil.

O empreendimento foi definido como prioritário e de interesse nacional pelo presidente Jair Bolsonaro em 2019, mas a complexidade no trato com os indígenas, e mais recentemente a pandemia, adiaram sucessivamente datas previstas para conclusão do licenciamento e início das obras.