Política

EUA dizem que Rússia convenceu Maduro a não fugir para Cuba

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou à rede de TV norte-americana CNN que a Rússia convenceu Nicolás Maduro a não deixar a Venezuela nesta manhã

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou à rede de TV norte-americana CNN que a Rússia convenceu Nicolás Maduro a não deixar a Venezuela nesta manhã.

“Ele estava com o avião no asfalto, ele estava pronto para ir embora nesta manhã, segundo o que entendemos, e os russos falaram para ele ficar”. 

Segundo Pompeo, Maduro se preparava para ir para Cuba – um dos países que apoia o regime bolivariano. Nicolás Maduro ainda não comentou. 

A última declaração do ditador venezuelano é de oito horas atrás, e ele afirma estar à frente do país. 

Entenda a crise

Maduro e Guaidó medem forças

Juan Guaidó, que se declarou presidente interino da Venezuela em 23 de janeiro e afirma que Nicolás Maduro “usurpa” o poder, disse hoje de manhã ter apoio das Forças Armadas venezuelanas para iniciar o “início do fim da usurpação”. Ele convocou os venezuelanos às ruas para derrubar o regime. Mas 12 horas mais tarde, o ditador Nicolás Maduro continua à frente da Venezuela. Ele afirma que os militares são leais e também convocou o povo para a rua. E em mais um episódio na queda de braço entre Guaidó e Maduro, não é possível dizer que um lado venceu.

Maduro segue no poder, mas mais fraco

o Alguns episódios registrados nesta terça-feira (30) sinalizam que o apoio de Nicolás Maduro está se derretendo. Pela manhã, Guaidó disse que os militares se uniram à oposição e estavam prestes a terminar definitivamente a “usurpação do poder” por parte do Chavista. Ele fez vídeo ao lado de Leopoldo López, um dos principais opositores chavistas e que cumpria prisão domiciliar desde 6 de agosto de 2017, acusado de incitar a violência em 2014.

O fato de López ter saído de casa sem maiores dificuldades sinaliza perda de apoio de Maduro. Vizinho do opositor disse à Folha que López saiu de casa mesmo com oficiais de inteligência vigiando o local. López está agora abrigado na embaixada do Chile em Caracas. Outro sinal de que o poder de Maduro está ruindo são as deserções: 25 militares venezuelanos pediram asilo na embaixada brasileira em Caracas.

Guaidó não conseguiu depor Maduro

Mas apesar dos indícios de que há militares deixando de apoiar Maduro, o opositor Guaidó não conseguiu tomar o poder – o que indica, por outro lado, que ainda há homens leais ao ditador. Maduro afirmou ter o apoio dos comandos militares e chamou os oposicionistas de Guaidó de “pequeno grupo de traidores”. Ele disse ter entrado em contato com comandos militares que teriam manifestado “total lealdade”.

A imprensa simpática a Maduro diz ainda que alguns militares foram enganados e induzidos a tomar as ruas, sem saber que participavam de uma tentativa de derrubar o regime bolivariano. Militares leais a Maduro também lançaram bombas de gás lacrimogêneo na rodovia Francisco Fajardo, nas proximidades da base área de La Carlota, na zona leste de Caracas, onde Juan Guaidó e Leopoldo López fizeram o anúncio do apoio dos militares. Parte da Guarda Nacional favorável aos opositores revidou. Alguns militares usavam bandanas azuis amarradas nos rostos, cor atribuída à oposição.

As ruas se dividem

Sem contagem oficial, é impossível saber quem levou mais apoiadores às ruas. Os manifestantes chavistas reuniram-se em frente ao Palácio de Miraflores, sede do governo em Caracas, “As ruas estão cada vez mais cheias. Vamos todos os venezuelanos que estão indo para as ruas. Irmãos, estamos fazendo história. O fim da usurpação é irreversível”, escreveu Guaidó no Twitter, convocando seus seguidores.

Em vários locais, os comércios fecharam suas portas, e as estações de metrô não foram abertas. Os protestos registraram, oficialmente, duas pessoas feridas e a detenção de 30 pessoas. A rede de televisão CNN afirma que 52 feridos foram levados a um hospital em Caracas. Os ferimentos, em sua maior parte, foram causados por balas de borracha. Um dos ferimentos havia recebido um disparo causado por arma de fogo.

Com reportagem de Pedro Graminha, do UOL, em São Paulo.