Política

Expectativa é de consenso entre Brasil e novo governo dos EUA

A análise do professor e doutor em Relações Internacionais, Haroldo Amoras, é de que governantes discutam situação climática e cooperem

Os brasileiros acompanharam na última semana a contagem dos votos para presidência dos Estados Unidos da América (EUA), que resultou na eleição do democrata Joe Biden e da vice Kamala Harris. Uma questão que deve ser abordada entre a nova gestão do país e o Brasil é a questão climática, porém, a expectativa é que ocorra um consenso entre os dois governos.

A avaliação é do mestre em economia e doutor em Relações Internacionais, professor Haroldo Amoras, em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM neste domingo, 08.

A princípio, o especialista explica que os brasileiros e brasileiras devem uma certa mudança com a eleição do novo presidente Joe Biden, em comparação com o ex-presidente, o republicano Donald Trump. 

“Nós estamos falando de um embate muito claro de visões ideológicas entre um olhar nacionalista, ou seja, de predomínio de interesses nacionais dos EUA que foi feito de uma forma bem agressiva e até certo ponto inusitado pelo Trump e de outro nós temos o Biden, globalista adepto do chamado multilateralismo, que tem a proposta de resolver conflitos e buscar a cooperação entre os países”, diz o professor.

Haroldo lembra que Trump retirou os Estados Unidos do Acordo de Mudanças Climáticas firmado em Paris, de modo que primeiro deverá ocorrer um embate interno norte-americano para depois a questão ser discutida à nível mundial. Depois, a mensagem deve ser abordada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Estamos falando de toda uma retórica relacionada com a redução do aquecimento global. Acredito que será o foco dessa relação entre Brasil e os Estados Unidos, sob o governo democrata do Biden, até por que ele já declarou que vai se mobilizar junto com os países europeus para tratar mais de perto a questão da Amazônia”, acrescentou.

Apesar do acompanhamento da questão ambiental de forma mais próxima pelos Estados Unidos, o especialista afirma que a população brasileira não deve temer uma possível intervenção do governo no país, considerando que não é provável que o governo Biden utilize de forças armadas para adentrar o território brasileiro, nem apoie um boicote às exportações brasileiras.

“Já estão se falando da internacionalização da Amazônia, que é um assunto que se estende há século e não é nada recente. Desde o Brasil Império já havia essa comoção. No caso do comércio, a China agradece por que um possível boicote aumenta mais ainda a expansão do país na América Latina. Não acredito em embate, mas acho que vai partir para a cooperação”, acrescenta. 

Para Haroldo, a cooperação com os Estados Unidos pode beneficiar o Brasil na área da biodiversidade à exemplo de estudos das indústrias farmacêuticas e na questão de energia renovável.

“Nós temos uma possibilidade. Vai depender da habilidade do governo de Bolsonaro em negociar, de se resolver em acordo de cooperação para transferência de tecnologia. A tendência é uma mudança no discurso”, avalia Amoras.

Leia mais: