Familiares de presos investigados na Operação Cartas Marcadas informaram que entraram juntos ao Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR), com um pedido de Habeas Corpus para que eles retornem do presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para onde foram transferidos junto com líderes de facções criminosas do Estado.
De acordo com os familiares, a transferência para presídio federal não foi feita a pedido dos envolvidos, ao contrário do que afirmaram promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Roraima (MPRR). Segundo a mulher de um dos quatro investigados que foram transferidos, o pedido de Habeas Corpus foi feito esta semana. “Eu recorri da transferência do meu marido e os outros também recorreram. Entramos com Habeas Corpus no plantão do TJRR para tentar trazer eles de volta”, afirmou.
Conforme a mulher, que preferiu não se identificar por medo de represálias, o Tribunal de Justiça já fez o despacho do pedido. “Adianto que o nosso pedido já foi despachado e que o TJRR deu um prazo de cinco dias para o Ministério Público apresentar informações sobre essa transferência”, disse.
Ela afirmou que os envolvidos não fizeram nenhuma solicitação verbal ou escrita para serem transferidos. “Não foi feito pedido algum para transferência, temos certeza disso. Não existe nada, nenhuma solicitação formal ou indicação verbal se manifestando nesse sentido ou dizendo que eles estavam sendo ameaçados. O que aconteceu foi que distorceram os fatos”, frisou.
A mulher informou que, desde que o marido foi transferido, na semana passada, não conseguiu contato com ele. “Lá eles correm perigo, estão longe da família, sequer falaram com os advogados. Desde que ele foi transferido ainda não consegui contato com ele, a advogada foi lá, mas disse que não conseguiu falar com ele. Estou vendo se consigo ir lá, mas tem todo um cadastro para poder aprovar as visitas”, disse.
Os familiares procuraram a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil em Roraima (OAB-RR) para denunciar a situação e, desesperados, exigem que providências sejam tomadas em relação à transferência, já que, segundo eles, os investigados não representam perigo para a sociedade. “Fizemos uma carta de próprio punho informando do absurdo que ocorreu para que o órgão se manifeste, porque essa transferência foi desumana, mas até agora nada ocorreu”, lamentou.
À Folha, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RR, Hélio Abozaglo, disse que órgão irá se manifestar a respeito após estudar o caso.
“Recebemos a carta dos familiares e nos reunimos esta semana para estudar e decidir nossa posição. Não tivemos conclusão porque temos que verificar os pedidos dos presos”, frisou.
TJ E MP- A Folha encaminhou demanda para o Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) pedindo informações a respeito do pedido de Habeas Corpus aos envolvidos na Operação Cartas Marcadas, assim como ao Ministério Público de Roraima (MPRR) para que desse um posicionamento sobre as transferências, mas até o fechamento desta matéria, às 15h de ontem, não obteve retorno. (L.G.C)