Leo Daubermann
Em entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, nesse domingo, 18, o médico anestesiologista Ailton Wanderley, futuro secretário estadual de Saúde, disse que pretende acabar com os desvios de verba dentro da Secretaria de Saúde.
“O fato do governador me escolher para ser o secretário de Saúde, talvez venha muito da minha honestidade. Antes de aceitar o cargo, pensei muito, estava com a vida muito tranquila, é um grande desafio, talvez o maior da minha vida, e a única coisa que pedi para ele [governador] foi exatamente isso, fazer um trabalho com transparência e evitar desvio de conduta”, destacou.
De acordo com o futuro secretário de Saúde, o dinheiro público tem que ser usado para dar assistência à população e não pode ser desviado para atividade meio. “A partir do momento que isso acontece, vai faltar medicamento lá na ponta, vai faltar esparadrapo, gaze, vai faltar o salário do profissional que está lá, trabalhando, então, não é possível que a gente continue com esse tipo de modelo, a gente tem que tentar mudar essa prática, a população não aguenta mais, a população está pedindo socorro”, disse.
“Sob o meu comando a Secretaria de Saúde não será mais um balcão de negócios. Vamos aplicar os recursos onde se fizer necessário, sempre com transparência e seguindo um modelo normal de prestação de serviços, sem superfaturamento, sem apadrinhamento político”, ressaltou.
O médico ressaltou ainda que não será uma tarefa fácil, mas que o governador eleito, Antonio Denarium, deu carta branca para que uma equipe técnica seja montada. “Estou escolhendo a minha equipe, é uma equipe técnica, algumas pessoas são auditores fiscais que trabalham com essa questão dos controles e outros colegas médicos que são absolutamente técnicos e que vão me ajudar na estrutura da Secretaria. Até o momento o governador não interferiu nas minhas escolhas, fez somente uma ressalva, para não permitir desvios de verbas na Saúde”, falou.
ORÇAMENTO – Segundo o futuro gestor da Saúde, o orçamento para 2019 é ‘desesperador’ e será necessário fazer uma repactuação. “Existe uma dívida na Secretaria de Saúde de R$ 280 milhões, que vai passar da atual administração para a minha. E o orçamento da pasta é em torno de R$ 700 milhões, veja bem, você já tem quase 6 meses do orçamento comprometido com pagamento dessas dívidas anteriores. Vai ser necessária uma repactuação com os fornecedores, trabalhadores, e com o próprio governo para que a gente possa encontrar uma solução que permita, pelo menos, melhorar essa questão do abastecimento”, destacou.
Ainda de acordo com o médico, a prioridade da sua gestão é regularizar a distribuição de medicamentos e material cirúrgico. “Essa situação é crítica, melhorando o abastecimento, poderemos retomar as cirurgias, além de oferecer um atendimento digno dentro das unidades hospitalares de nosso estado”, disse.
“Hoje a situação está caótica, trabalho há 27 anos no governo do estado e nunca vi uma situação tão difícil como agora. As pessoas que trabalham dentro da Saúde sabem que a situação é desesperadora. A gente não tem o mínimo de estrutura para fazer uma cirurgia de emergência. É extremamente grave a situação. O próprio Conselho Regional de Medicina (CRM) interditou o Centro Cirúrgico por absoluta falta de condições para funcionar”, destacou.
Segundo Wanderley, atualmente só são realizadas cirurgias de emergência. “Só estamos atendendo as emergências, porque não se tem medicamentos, não se tem material que garanta a qualidade e assistência. A fila para cirurgias é imensa e se a gente não mudar esse modelo estaremos cometendo o mesmo erro que as gestões anteriores cometeram”, disse. “A minha intenção ao ir para a Secretaria de Saúde é em fazer um trabalho em função da população”, completou.