Política

Governador denuncia desvio na construção de anexo do HGR

Antonio Denarium (PSL) deu entrevista exclusiva ao programa ‘Quem é Quem’ na Rádio Folha 100,3 FM

O governador Antonio Denarium (PSL), em entrevista à Rádio Folha FM 100,3, afirmou que está sendo feita uma avaliação devido a um possível desvio de verba na construção do anexo do Hospital Geral de Roraima. Segundo ele, o dinheiro que o Estado tem em caixa não é suficiente para concluir a obra.

“Estamos auditando os contratos, pois acreditamos que houve desvio de dinheiro na construção do anexo do Hospital Geral. Então, nós estamos fazendo o levantamento desses valores, que provavelmente foram desviados”, disse sem entrar em detalhes sobre o possível desvio. “Ainda está sendo investigado e auditado”.

Denarium explicou que existem centenas de obras paradas no Estado e o anexo do Hospital Geral é uma delas, pois foi iniciada em 2011 e nunca foi concluída.

“O que a população não sabe é que a nova ala do Hospital Geral não foi construída com nenhuma emenda. Ela foi feita com um empréstimo, feito em governos anteriores, e a população está pagando juros mensalmente desses valores e a obra não foi entregue nunca”, afirmou.

Outra denúncia feita por Denarium para a Rádio Folha diz respeito ao fato de o anexo do Hospital Geral de Roraima ter sido projetado sem saída de emergência e sem geradores de energia.

“Hoje, faltam mais R$ 10 milhões para fazer esses projetos que não foram executados e mais R$ 10 milhões para conclusão total do Hospital Geral. Então, são R$ 20 milhões que devem sair dos cofres do Estado, mas pretendemos entregar essa nova obra para população ainda em 2019”, garantiu.

Outra situação muito grave destacada pelo governador durante a entrevista foi em relação a superfaturamento em licitações na área de saúde.

“Temos uma licitação que se iniciou no governo anterior de quase R$ 13 milhões e quando passou pela controladoria no nosso governo foi descoberto que estava com um preço supervalorizado. Uma compra de R$ 13 milhões cujos produtos poderiam ser adquiridos por algo em torno de R$ 6 milhões. Cancelamos essa licitação e estamos abrindo outra, com preço de mercado. Somos um governo sério, sem nenhum tipo de vício, nós não permitimos nenhum tipo de corrupção e não tem retorno nem para governador nem secretário de Saúde. O valor que a empresa receber é pelo devido de cada produto indicado”, destacou.

Denarium explicou que a decretação de estado de calamidade na saúde vai facilitar a aquisição de medicamentos.

“Vamos sair daquele processo muito longo e demorado que prejudica a chegada de medicamentos. O governo federal também deve nos socorrer com um pouco de medicamento e vai dar para os próximos meses. Nós pegamos um desgoverno, e hoje a saúde pública tem uma dívida em torno de R$ 500 milhões com fornecedores, terceirizados, contas de energia elétrica etc. Deve muito menos para servidores, pois colocamos a folha de pagamento em dia, inclusive teve alguns servidores que me disseram que tinham mais de dois anos que não recebiam o salário do mês no primeiro dia útil do mês seguinte, o que aconteceu agora em fevereiro. Então, os fornecedores antigos, que têm dinheiro para receber, não vendem para o governo porque não receberam e as empresas novas também ficam com medo de vender para o Estado e não receber. Hoje, nós temos dinheiro para comprar medicamentos à vista, e no nosso governo nós não temos nenhum fornecedor de medicamento com pagamentos atrasados. Estamos rigorosamente em dia e vamos continuar pagando em dia”, explicou.

O governador disse que a saúde estadual ainda está na UTI, mas afirmou que muitas melhorias estão sendo feitas e que a população logo sentirá a diferença.

“Vamos tirar a saúde da UTI. Vários planejamentos estão sendo executados e a população pode ter certeza que nós vamos melhorar. Já começamos a comprar medicamentos”, informou.

Ainda em relação à crise na Saúde, Denarium contou que os hospitais de Roraima receberam centenas de pessoas feridas no conflito na fronteira. Atualmente, 50% dos leitos do Hospital Geral estão sendo ocupados por venezuelanos, segundo o governador.

“Vieram venezuelanos feridos por arma de fogo, inclusive mais de 20 até foram submetidos à cirurgia aqui no Hospital Geral e três morreram por conta da gravidade dos ferimentos. Alguns estavam feridos por tiros de fuzil. Então, realmente, foi uma situação muito complicada”, lamentou.

Ex-governadora nega denúncia e diz que obra tem que ser entregue

A reportagem da Folha procurou a assessoria de comunicação da ex-governadora Suely Campos (PP), que disse em nota que “o governador Antonio Denarium precisa descer do palanque e entregar de imediato o novo bloco do HGR, que foi deixada com mais de 90% das obras concluídas em dezembro de 2018”.

Segundo a ex-governadora, no início de sua gestão, ela encontrou o empréstimo feito pelo governo anterior e o contrato com a empresa já firmado, mas existiam inúmeros problemas nos projetos que precisaram ser corrigidos e isso retardou a execução.

“Não existiam, por exemplo, projetos de refrigeração adequados, o que demandou também a correção do projeto de instalação elétrica. O atual governador precisa deixar de encontrar problema onde não existe e entregar o novo HGR para que os 40 leitos de UTI, 120 leitos de internação e 10 novas salas de cirurgia possam atender aos anseios da população”, afirmou.   

Suely destaca ainda que realizou toda a obra desde o alicerce.

“A sociedade é testemunha de que o prédio está erguido e que todos os pagamentos foram feitos com a devida medição e fiscalização dos profissionais de engenharia do Banco do Brasil”, concluiu.