A governadora Suely Campos (PP) foi ao município do Amajari, na tarde desta sexta-feira, acompanhada por 11 secretários e membros da equipe do Executivo estadual, para um encontro com produtores da região do Ereu, onde apresentou propostas e discutiu alternativas para evitar que a área seja transformada em uma Unidade de Conservação do Lavrado (UCL).
Aproximadamente 250 agricultores, produtores, representantes públicos e a população se fizeram presentes no encontro que durou quase duas horas. Os secretários fizeram uma explanação sobre conservação do lavrado e construção de pontes e recuperação de estradas.
Por telefone, a governadora reafirmou à Folhaseu compromisso de lutar para evitar que a área seja usada para a criação da Unidade de Conservação do Lavrado, tanto na região do Ereu como em outra área do Estado que seja produtiva.
“Temos essa posição firme de não aceitar que a região do Ereu seja transformada em área de conservação. Essa região é produtiva e nãopode e nem deve servir de área de conservação”, disse. “Já temos muitas demarcações em Roraima e inclusive com a demarcação da Terra Indígena da Raposa Serra do Sol, perdemos todo o nosso vale do arroz e isso fez cair nosso PIB”, frisou.
Ela disse que o Governo está trabalhando para tentar resolver o quanto antes a questão fundiária de Roraima. “Temos que fazer a economia deste Estado crescer. Porém, não abrimos mão de áreas produtivas”, frisou.
Como alternativas de criação do Parque, Suely afirmou que estão sendo estudadas pela sua equipe com a Câmara Técnica de Regularização e Destinação de Terras Públicas Federais na Amazônia Legal e evitou apontar uma posição antes de ter uma definição mais precisa, embora tenha afirmado que sua posição é a de convencer a Câmara Técnica de que a melhor área é na região da terra indígena de São Marcos.
“A área de conservação de São Marcos já é uma realidade. Já existe essa área preservada e nãoprecisa mais mexer com isso.Acho desnecessária criar outra”, frisou.
A governadora aproveitou o momento e reafirmou seu compromisso de oferecer logística e melhorias para a produção na região e anunciou que o projeto de energia de Boa Vista para a região do Ereu, com início ainda este ano, e da conclusão em outubro deste ano da obra de energia para o Trairão, que estava parada desde a gestão passada.
O secretário estadual de Planejamento, Alexandre Henklain, que acompanhou a governadora, disse que a pretensão foi de mais uma vez evidenciar a posição do Estado em relação à criação da UCL na região.“Desde que houve a proposta para criação da UCL no Ereu, a governadora Suely foi contrária, da mesma forma como na Serra da Lua e do Tucano, bem como em qualquer outra área ocupada por produtores.O encontro é para tranquilizar esses trabalhadores em relação à posição que o Executivo estadual tem sobre o tema”, explicou.
Uma das alternativas à ocupação de áreas consideradas produtivas é a criação da UCL em áreas indígenas já demarcadas. Após consulta às comunidades e lideranças indígenas, existe um entendimento de que a chamada “dupla afetação” seria considerada benéfica para as comunidades, conforme informou Henklain.
Para isso, segundo o secretário, seria apenas necessário que o decreto que cria a UCL fosse reeditado, com base em estudos técnicos e jurídicos existentes, e que mostram a coexistência dos povos indígenas e a conservação.“São pouco mais de 2,1 milhões de hectares de área de lavrado em terras indígenas, que já são preservados. Eles [indígenas] teriam total liberdade para continuar explorando as terras como já fazem. Eles protegem a fauna e a flora e respeitam a biodiversidade”, explicou Henklein. (R.R)