Política

Governadora Suely Campos diz que fez ‘façanha administrativa’

Chefe do Executivo avalia que polêmicas em seu governo fazem parte de qualquer gestão e que são resultados de atitudes fortes que está tomando

“Conseguimos fazer uma façanha administrativa”. Essa é a avaliação que a governadora Suely Campos (PP) fez dos primeiros 100 dias de seu governo em entrevista exclusiva à Folha. “Falo isso porque encontramos um governo com inúmeros problemas na Saúde, na Educação, na Segurança”, afirmou.
Em meio à reforma de escolas, greve de professores, compra de medicamentos e fugas de detentos da Penitenciária Agrícola do Monte Cristo, a primeira governadora de Roraima disse que enfrentou o pior período de estiagem dos últimos oito anos. “Decretamos estado de emergência em oito municípios, adquirimos, com recursos próprios, bebedouros e construímos cacimbas para não deixar os produtores do interior desassistidos”, afirmou.
Quanto a polêmicas que enfrentou, Suely disse que elas fazem parte de qualquer gestão e que são resultados de atitudes fortes que está tomando. “Queremos que as pessoas entendam que estamos aqui para reconstruir o Estado. Ninguém consegue unanimidade na gestão. Mas temos muito que comemorar nesses 100 dias. Estamos dando exemplo de mudança e espero que a população confie no nosso governo e nos ajude a melhorar Roraima”, comentou.
SAÚDE – A aquisição de medicamentos foi um dos pontos positivos citados pela governadora nos primeiros dias de gestão. “É claro que existem problemas de fornecimento, mas são problemas pontuais e creio que a Saúde estadual está caminhando bem”, disse.
Sobre a Saúde em Boa Vista, a chefe do Executivo afirmou que até o final do ano, o Hospital das Clínicas deverá ser inaugurado no bairro Pintolândia, na zona Oeste, e no primeiro quadrimestre de 2016 será a vez da ampliação do Hospital Geral de Roraima (HGR). “Peço que a Prefeitura de Boa Vista faça a sua parte, cuidando da atenção básica para que o Pronto Atendimento não fique tão sobrecarregado. Queremos também fazer campanhas educativas para diminuir o número de acidentados de trânsito nos leitos do HGR”.
No interior, a governadora destacou a revitalização do Hospital de Rorainópolis, no Sul do Estado, que em cem dias realizou 10 mil atendimentos. “O hospital realizou até cesarianas nesse período e tornou-se uma alternativa de assistência médica no Sul do Estado. Agora, as pessoas não precisam mais se deslocar para a Capital em busca de atendimento”, comentou.
Suely afirmou também que pretende reestruturar outros hospitais no interior do Estado, que estão sendo abandonados pelas prefeituras, conforme a governadora.
EDUCAÇÃO – Mesmo enfrentando uma greve de 11 dias dos professores da rede estadual de ensino, a governadora acredita que está conseguindo realizar um bom trabalho na área da Educação. “Vivenciamos uma greve dos professores que era justa, pois eles pediam o que é direito deles. Mas negociamos a questão da GID, do PCCR dos técnicos em Educação, o pagamento dos salários dentro do mês e temos uma vontade enorme de resolver as pendências”, comentou.
Ela destacou que encontrou escolas abandonadas, em estado precário, e um governo “cheio de Termos de Ajustamento de Conduta”, mas que 16 escolas na Capital e três no interior já estão sendo reformadas. “Contratamos empresas que prestarão serviços de reforma e manutenção nas escolas. Então, se um mês depois da reforma aparecer algum problema, a empresa vai lá consertá-lo”.
Quanto à merenda escolar, que será feita dentro das próprias escolas, disse que o Estado economizará R$ 8 milhões com essa medida. “Estamos adequando a estrutura física das cozinhas das escolas e temos o compromisso de priorizar a compra da merenda junto aos produtores da agricultura familiar”, destacou.
O concurso público para professores foi um compromisso reafirmado pela governadora. “Chegamos ao governo com um processo seletivo de docentes vencido. Então, tivemos que fazer um novo seletivo, que atrasou o início do ano letivo. Mas queremos acabar com isso até o final deste ano”.
Ela citou o resultado de uma auditoria feita pela Secretaria de Educação nos gastos de transporte escolar entre 2008 e 2014. “Em sete anos, o valor pago triplicou, enquanto o número de alunos diminuiu porque o Ensino Fundamental passou a ser de responsabilidade do Executivo municipal. Então, não justifica o aumento que teve para pagar quase 60 empresas no Estado. Assumimos o compromisso de fiscalizar as rotas, saber se os carros estão rodando mesmo e pagar o que é justo”, explicou.
Lembrou que o Estado possui 25 micro-ônibus do programa federal Caminho da Escola que ainda não estão sendo utilizados. “Estamos fazendo análise curricular dos motoristas, que receberão curso de qualificação. Pretendemos implantar as rotas do Caminho da Escola no sul do Estado”, frisou.
SISTEMA PRISIONAL – “Desumano” foi o adjetivo usado por Suely para caracterizar o sistema prisional. “A alimentação era de péssima qualidade, assim como a estrutura física”, comentou. Desde o início do ano, a empresa que fornece alimentação foi modificada e uma reforma na estrutura física foi iniciada.
A governadora disse que se reuniu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, recentemente, e pediu-lhe que o Governo Federal invista no sistema prisional do Estado. “Estamos tentando reaver recursos”, disse.
Quanto à Cadeia Pública de Rorainópolis, que está em construção há mais de cinco anos, Suely afirmou que vai abrir licitação para que uma nova empresa conclua a obra. “Assim, abriremos 200 vagas para reeducandos no Sul do Estado, desafogando a Penitenciária Agrícola do Monte Cristo”, comentou.
RONDA NO BAIRRO – Instalado na gestão passada, a continuidade do programa Ronda no Bairro, da Polícia Militar, foi uma promessa de campanha de Suely. “Mas era um programa muito caro. Então, diminuímos o número de veículos alugados para 30, que é o suficiente para atender à demanda. E agora as viaturas rodarão com tanque cheio, e não mais com uma cota de combustível por dia”, frisou.
Outro problema citado pela governadora foi o baixo efetivo para atender o programa, que ela pretende resolver com a transferência de policiais militares que hoje atuam na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) para as ruas. “No próximo mês, vamos diminuir o efetivo da PM na Pamc. Com a reforma da unidade, os agentes penitenciários farão a segurança do local, então, não precisaremos de tantos PMs na penitenciária”, assegurou. (V.V)